Título: Banco do Brasil fará oferta de R$9 bi em ações
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 15/04/2010, Economia, p. 27
Primeira emissão em 12 anos deve sair até junho. Ao mesmo tempo, controladores venderão parte de seus papéis ao mercado
BRASÍLIA. O Banco do Brasil (BB) anunciou ontem os critérios de sua primeira capitalização em 12 anos, que ocorrerá por meio da emissão de 286 milhões de novas ações. Com isso, a maior instituição financeira do país pretende levantar quase R$9 bilhões, que vão reforçar o caixa para empréstimos e aquisições. Simultaneamente, o BB fará sua terceira oferta secundária de ações, ou seja, a venda de papéis de acionistas - neste caso, os controladores. O objetivo é atingir o patamar mínimo de ações comercializadas no mercado exigido pela BM&F Bovespa, o chamado free float, de 25%.
Hoje, o banco possui 21,7% de suas ações nestas condições. Neste caso, apenas o Tesouro Nacional e a BNDESPar deverão vender uma pequena parte de suas carteiras ao mercado, o que significa que o valor arrecadado não entrará no caixa do BB.
As operações ainda precisam do aval da assembleia de acionistas do BB, mas não deverão enfrentar resistências. A expectativa é que saiam do papel ainda neste primeiro semestre.
A capitalização do Banco do Brasil, explicou o vice-presidente de Finanças da instituição, Ivan Monteiro, é importante para fortalecer o capital do banco neste momento de forte expansão, tanto no mercado de crédito quanto na compra de novas instituições. Também dará suporte ao processo de internacionalização do banco. Hoje, o índice de Basileia - que exige dos bancos R$11 de capital para cada R$100 emprestados - está em 13,7% e, com a operação, poderá à casa dos 15%.
Ações caíram quase 1% ontem na Bolsa
A última vez que o BB fez uma capitalização foi em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso. Agora, quer emitir até 286 milhões de ações para vender no mercado, o que, ao preço de hoje, poderão gerar cerca de R$8,6 bilhões ao banco. Essa cifra é suficiente para alavancar em quase R$78 bilhões a capacidade de empréstimo do BB.
Ontem, os papéis do banco chegaram a apresentar, durante o dia, a maior queda do Ibovespa, mas diminuíram o ritmo de perdas e fecharam com desvalorização de 0,97% a R$30,55.
- É natural que as ações caiam após o anúncio de nova emissão de ações. Os investidores puxam o valor da ação para baixo para depois comprar mais barato na oferta - afirmou João Augusto Sales, da consultoria Lopes Filho & Associados.
Se todo esse volume realmente for emitido, haverá uma diluição de 11% do capital do banco e, por isso, os já acionistas do BB terão prioridade para comprar os novos papéis para manter sua participação. Quem não o fizer terá sua fatia reduzida.
Neste contexto, entram também os acionistas controladores: Tesouro Nacional, BNDESPar e Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB. Este último, que hoje tem 10,4% do total do banco, vai manter sua fatia para garantir seu assento no conselho de administração do banco. Ou seja, entrará na capitalização, mas não participará da oferta secundária de ações.
No caso do Tesouro, que detém 65,3% do capital do BB e é seu controlador, a tendência é que compre os papéis do BB que serão emitidos. Segundo fontes ouvidas pelo GLOBO, para o Tesouro é importante manter uma fatia grande do BB por causa do pagamento de dividendos feito pelo banco, que ajuda no cumprimento da meta de superávit primário. Em 2009, foram repassados quase R$3 bilhões.
A oferta secundária de ações é importante para o BB atingir o mínimo de 25% de ações negociadas em mercado e, neste caso, os acionistas majoritários comandarão o processo. Ou seja, o Tesouro Nacional e a BNDESPar - que possui 2,4% do capital do banco - deverão vender uma pequena parte de suas ações, a fim de atingir esse piso.
COLABOROU: Mariana Schreiber