Título: Partidos viram as costas para a eleição no DF
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 17/04/2010, O País, p. 9

Deputados distritais escolhem hoje governador para mandato tampão, após escândalo que derrubou Arruda

BRASÍLIA. As direções dos principais partidos políticos do país acompanham de longe a eleição indireta para o governo do Distrito Federal, que será realizada hoje pela Câmara Legislativa.

O PMDB deixou a questão por conta do diretório regional. O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que seu partido só pretende voltar a se envolver com a questão do DF na eleição de outubro. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) viajou para o exterior e só retorna a Brasília no próximo domingo.

As eleições indiretas foram convocadas após a cassação do ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM), acusado de comandar o chamado mensalão do DEM. Independentemente de quem seja eleito hoje, o Supremo Tribunal Federal ainda julgará pedido de intervenção federal no governo do DF, feito após a descoberta do escândalo.

As tentativas do Ministério Público Eleitoral do DF e de ações populares para impedir a realização da eleição indireta no DF não prosperaram. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal não aceitou o pedido de liminar para que a eleição não fosse realizada.

O presidente interino da Câmara, Cabo Patrício (PT), solicitou reforço da Polícia Militar para evitar problemas hoje.

Dos 24 deputados distritais de Brasília, oito são citados no inquérito que investiga o mensalão do DEM. Na reta final, o presidente licenciado da Câmara e governador interino, Wilson Lima (PR), tenta mostrar que é favorito e que pode ganhar ainda em primeiro turno. Correndo por fora, porém, está o candidato do PMDB, o ex-presidente da Companhia de Planejamento do DF, que teria fechado ontem um acordo com o PTB.

A expectativa tanto de Lima quanto de Rosso é que a eleição seja definida já no primeiro turno.

Para isso são necessários 13 dos 24 votos. Os adversários do governador interino ¿ que exploram o apoio que Lima recebeu do ex-governador e candidato ao GDF, Joaquim Roriz (PSC) ¿ tentam convencer os indecisos de que a melhor opção, inclusive para evitar a intervenção federal, é eleger alguém de fora da Casa. Esse discurso que embala a candidatura de Rosso, lançada pelo presidente do PMDBDF, deputado Tadeu Filipelli.

Ontem, Filipelli manteve várias conversas para ampliar o apoio a seu candidato. Uma das tentativas era garantir o apoio do PRB e retirar o nome do distrital Agnelo de Jesus do páreo.

Com o acordo fechado com o PTB, a expectativa é de que o candidato do partido, Luiz Felipe Coelho, retire sua candidatura hoje. Se houver segundo turno, as chances de Lima vencer diminuem, isso porque o PT não votará nele.

O PT reforçou ontem que qualquer negociação de apoio só será feita se houver segundo turno.

O partido apresentou o professor Antonio Ibañez como candidato e ontem, além dos quatro votos de seus distritais, ganhou o apoio formal do único candidato do PDT, Reguffe, no primeiro turno. Se tiver segundo turno, Reguffe afirmou que irá se abster de votar. Os aliados de Wilson Lima afirmaram ontem ter 15 votos a favor do candidato.

COLABOROU: Adriana Vasconcelos