Título: Dilma fala em embrião da tributária
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 17/04/2010, O País, p. 12

Para ela, desonerações adotadas contra efeitos da crise global são o modelo Enviada especial

CAXIAS DO SUL. A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, acenou ontem para os empresários ao afirmar que as medidas tomadas pelo governo Lula para tentar atenuar os efeitos da crise econômica global são inspiração para uma futura reforma tributária, num eventual governo seu. Ela citou a redução do IPI e o sistema de arrecadação de estados e municípios.

No governo Lula, reuniões com governadores foram realizadas para debater a reforma tributária, sem sucesso.

¿ Aí está o embrião de modelo (da reforma tributária).

Na forma de enfrentarmos a crise está o que é possível fazer em termos de reforma tributária ¿ disse Dilma, em entrevista, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.

Dilma negou que o governo Lula não estivesse comprometido com a reforma tributária: ¿ Acredito, penso e sei que uma reforma tributária hoje é possível, porque nós construímos as condições para torná-la possível. E podemos dizer isso sem ser uma promessa vã, porque, se teve um governo que desonerou, foi o nosso.

Em outro aceno aos empresários, Dilma disse que vai propor a inclusão do financiamento para compra de móveis e eletrodomésticos para famílias pobres no programa Minha Casa Minha Vida. A ex-ministra tem se esforçado na viagem pelo Rio Grande do Sul para passar uma mensagem de ¿Estado parceiro¿ do setor privado, que teme o crescimento dos gastos públicos.

De acordo com enquete realizada pelo jornal ¿Valor Econômico¿, o empresariado, mesmo reconhecendo o crescimento de seus negócios, prefere votar na oposição e aponta o controle dos gastos públicos como um dos maiores desafios futuros. Dos 142 empresários que participaram, de forma anônima, 78% ¿votaram¿ em José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo.

Dilma ficou apenas com 9%.

Em discurso a um grupo de empresários na Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul, a pré-candidata afirmou que a expectativa de crescimento do PIB acima das meta de 5,5% permitirá uma ¿reengenharia¿ e que levará a demanda para a Caixa Econômica Federal.

Dilma diz ser necessário ouvir todos os setores Segundo Dilma, é necessário o governo ouvir as demandas de todos os setores, para ¿não fazer besteira¿. Ela citou, entre eles, movimentos sindicais e sociais, além de empresários.

Outra queixa que ouviu foi a da concorrência desleal de algumas importações da China, com prática de dumping. Dilma concordou, mas deixou claro que não haverá ruptura com a China, apenas a adoção de postura mais aguerrida de defesa dos interesses comerciais brasileiros.

A pré-candidata do PT reiterou que está comprometida com as metas, dentro desta década, de acabar com a pobreza, universalizar o saneamento básico, zerar o déficit habitacional e realizar grandes obras de drenagem no país.

¿ Vou citar o Jorge Gerdau, que me disse: ¿Meta não é para cumprir, é para perseguir¿ disse a petista.

Perguntada sobre a situação dos conflitos agrários, a ex-ministra disse que o movimento dos trabalhadores sem-terra vem sendo atendido em suas reivindicações históricas e que não concorda com a análise de que os conflitos no campo tenham aumentado.