Título: Eletronorte entrará após o leilão
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 20/04/2010, Economia, p. 21

BRASÍLIA.

A operação oficial de reforço ao setor privado para viabilizar a hidrelétrica de Belo Monte terá novos capítulos após o leilão. O consórcio vencedor será turbinado com a entrada da Eletronorte ¿ estatal elétrica que mais conhece o empreendimento ¿ e dos fundos de pensão dos funcionários da Caixa Econômica (Funcef) e da Petrobras (Petros). Esta equação foi decidida poucas horas antes da definição dos dois consórcios que participarão da disputa, na sexta-feira passada.

A preocupação do governo é que não restem dúvidas sobre a viabilidade econômico-financeira do grupo vencedor. As regras do leilão impedem que uma empresa que participou do consórcio perdedor possa ser subcontratada ¿ ou se associar ¿ ao vencedor.

Por isso, a não participação de empresas tem caráter estratégico.

A Eletronorte, por exemplo, é considerada fundamental para a viabilidade da obra, pois seus técnicos estudam o empreendimento há 35 anos e ela deverá ser a operadora da usina no Pará. Cortejada pelos dois competidores, a opção foi retirá-la do certame, garantindo sua entrada em cena como sócia estratégica do vencedor. A mesma estratégia valeu para os fundos de pensão.

Mas o reforço estatal não será o único. De acordo com quem levar a hidrelétrica, novos players devem se agregar ao empreendimento.

Segundo observadores privilegiados das negociações, a saída das empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht da licitação não significa que elas estão fora da obra. Conhecedoras profundas do empreendimento ¿ são as responsáveis pelos 60 volumes do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), ao lado da Andrade Gutierrez ¿ elas podem ser contratadas pelo vencedor para tocar a obra.

A adesão de autoprodutores também é esperada depois da licitação. Grandes empresas, como Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Alcoa, por exemplo, foram assediadas antes da formação dos consórcios, mas não chegaram a um acordo. De acordo com fontes ligadas à Eletrobras, as empresas podem aderir depois ao consórcio vencedor. (Gustavo Paul)