Título: Em busca de harmonia
Autor: Torres, Izabelle
Fonte: Correio Braziliense, 12/06/2009, Política, p. 3

Com a corda esticada nas negociações para instalar a CPI da Petrobras, o PSDB começou a dar sinais de que pode recuar e devolver a relatoria da CPI das ONGs aos governistas. Os tucanos marcaram para a próxima semana uma discussão para definir qual a melhor estratégia nas duas comissões parlamentares. Ao mesmo tempo, apostam que a nova crise administrativa no Senado, que envolve os atos secretos, vai forçar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), a dar início aos trabalhos da CPI da Petrobras.

O governo vislumbra a possibilidade de resolver o impasse, mas quer que a instalação da CPI se arraste pelas próximas semanas, desaguando no recesso de julho. Senadores aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstram ceticismo sobre a possibilidade de o líder do PSDB Arthur Virgílio (AM) devolver a relatoria da CPI das ONGs. ¿Eles estão fazendo jogo de cena¿, disse um líder governista. A sugestão de recuar na CPI das ONGs partiu do presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE).

O impasse começou quando o presidente da comissão, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), nomeou Virgílio para a relatoria no lugar do governista Inácio Arruda (PCdoB-CE), indicado como titular na CPI da Petrobras. ¿A oposição deu um passo errado ao tentar criar uma situação desconfortável¿, disse Arruda. ¿Se recuarem, vai mostrar que avaliaram errado¿, acrescentou. O PSDB vai analisar a estratégia na terça-feira em reunião da bancada que contará com os líderes do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), e da minoria na Casa, Otávio Leite (PSDB-RJ).

Os tucanos têm pelo menos duas opções: manter a relatoria e apostar num recuo do governo, que cederia a presidência da CPI da Petrobras para o DEM, ou entregar o posto na CPI das ONGs, capitalizar o começo dos trabalhos e evitar ser tachada de patrocinar a paralisação das investigações sobre a estatal do petróleo. Favorável ao recuo, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), autor do requerimento para criação da CPI da Petrobras, voltou a alegar que não vê dificuldades na entrega da relatoria da CPI das ONGs pela oposição ¿ desde que, em troca, o governo renuncie à presidência da nova comissão. ¿Com a CPI instalada, vamos ter instrumentos para atuar durante o recesso¿, afirmou Dias.