Título: Sensação de ter sido colocado para escanteio
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 12/06/2009, Política, p. 4

Sucessão presidencial

Incomodado, Democratas assiste de fora à construção da estratégia do PSDB para tentar chegar ao Palácio do Planalto no ano que vem.

Deputado Rodrigo Maia, com os senadores Arthur Virgílio (AM) e Sérgio Guerra (PE): Presidente do DEM defende explorar erros do governo O DEM sente-se como mero espectador dos tucanos no desenho da estratégia do PSDB para a campanha eleitoral de 2010. Não se vê participando e está incomodado. Palpite, só nos bastidores. O DEM preferiria falar sobre tudo, abertamente e já. Inclusive sobre a opção do governador de São Paulo, José Serra, de adiar a oficialização de seu nome na disputa pela Presidência.

Os democratas acham que assistir com indiferença ao crescimento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a pré-candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas de intenção de voto só é bom para ela mesma. A avaliação majoritária é que Aécio e Serra deveriam fazer mais: criticar mais o governo, delimitar mais as conquistas de seus governos, buscar mais espaços na mídia e fazer mais oposição.

Para o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, os dois governadores deveriam se lançar na pré-campanha. Ele, no entanto, ressalva que não se pode usar todas as armas mais de um ano antes da eleição. ¿A campanha é uma maratona e a antecipação sempre deve ser na dose certa, para não `vencer¿ antes do dia¿, respondeu Maia. O partido comemorou a decisão de Serra sair mais de São Paulo, mas ainda acha tímida a agenda pelo Nordeste definida pela cúpula do PSDB.

Dentro do DEM, também se discute a viabilidade de cada candidato tucano. Os democratas avaliam se o favoritismo de Serra nas pesquisas de intenção de voto resiste a um ano e meio de campanha. Analisam as possibilidades de Aécio agregar mais partidos na aliança eleitoral. E concordam que hoje o cenário ideal é a chapa puro sangue, caso a aliança se limite a PSDB, PPS e DEM.

¿Atualmente Serra é o favorito com a possibilidade de uma chapa pura com o Aécio. Essa é uma possibilidade bem visível¿, disse o deputado Paulo Bornhausen (SC). Não é o que opina um dos vice-presidentes do DEM, senador Eliseu Resende (MG). ¿Gostaríamos de ver o mais cedo possível a definição do candidato de oposição porque precisamos equilibrar o jogo. O Aécio é o que tem mais condição. Pode somar mais¿, disse.

O sentimento generalizado no DEM é não deixar Dilma e o PT falando sozinhos. As divergências são em relação ao momento de entrar de cabeça na disputa. Os partidários da candidatura de José Serra, como o ex-presidente da legenda Jorge Bornhausen, defendem a postura mais comedida. Defensores de Aécio querem agilidade, mas concordam que a definição deve ficar para adiante.

Até na Bahia há divergência. O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto tem dito a aliados que o PSDB deveria estar em campanha. Seu conterrâneo, José Carlos Aleluia, acha que o momento está correto. ¿Nós não vamos nos envolver na briga interna do PSDB¿, disse. ¿Os nossos dois candidatos existem, têm vida política, realizações nos seus governos. Não precisam antecipar campanha e entrar nessa loucura do PT¿, disse.

Para o presidente do DEM, Rodrigo Maia, a oposição deve elaborar propostas em cima de erros do governo. Fazer campanha sobre a taxação da poupança, da alta carga tributária e da política monetária do Banco Central. O DEM também demonstra incômodo com a insistência de Aécio em discutir o pós-Lula e não olhar para trás. Há um temor de que essa estratégia acabe por ajudar indiretamente a candidata do governo. O ex-prefeito do Rio, por exemplo, não demonstra tanta preocupação com os altos índices de popularidade do presidente da República. ¿A campanha é em 2010. Não sei se essa popularidade se mantém. A oposição deve fazer oposição em suas teses em contraste com as do governo¿, afirmou.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), reafirmou que os dois pré-candidatos do partido vão se dedicar à campanha eleitoral a partir de agosto e manter a agenda de divulgação das ideias do partido pelo país. O parlamentar pernambucano se dedica à elaboração dos palanques estaduais, numa forma de agilizar a campanha. A meta é colocar Serra e Aécio nos estados já ao lado dos candidatos a governador e senador.