Título: Obra exigirá desmatamento na área
Autor: Tavares, Mônica; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 21/04/2010, Economia, p. 23

Está no papel que a hidrelétrica de Belo Monte vai operar com um reservatório, que vai alagar Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo. Só que o alagamento da usina vai atingir uma área bem maior que os 516 km2 previstos inicialmente.

Enquanto Belo Monte foi superdimensionada para ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, os impactos socioambientais foram subdimensionados, entendem ambientalistas.

Não se sabe qual será o tamanho do desmatamento para abrigar as cerca de 100 mil pessoas que serão atraídas para a obra. Muito menos a extensão de floresta que será desmatada para abrigar as cerca de 30 mil famílias, entre indígenas e pequenos agricultores, que serão desalojados.

¿ Este é uma das maiores ilegalidades desta licitação ¿ adverte Roberto Smeraldi, da Amigos da Terra Amazônia, comentando que o desmatamento para fazer o alagamento da usina é necessário. ¿ Caso contrário, se a floresta for submersa, pode aumentar as emissões de metano, um dos gases geradores do efeito estufa.

Resta ainda saber o que será desmatado para alocar as comunidades indígenas e as pessoas que serão atraídas para a obra de Belo Monte.

Os problemas que rondam Belo Monte lembram a hidrelétrica de Balbina.

Construída rio Uatumã, no meio da floresta amazônica, nos anos 80, a usina engoliu as árvores e expulsou os índios, sendo um dos mal fadados projetos no país.

¿ O exemplo de Balbina mostra que nem sempre uma usina hidrelétrica é uma boa opção ¿ concluir Smeraldi.