Título: Líder do governo defende reajuste escalonado para aposentados
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Fonte: O Globo, 21/04/2010, O País, p. 3

Aumento de 7,7% seria dado àqueles que recebem até 3 mínimos BRASÍLIA. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), defendeu ontem uma alternativa para o reajuste dos aposentados que ganham acima do mínimo: concedê-lo de forma escalonada, garantindo 7,7% aos que ganham até três mínimos, e 6,14% (proposta original do governo) para os que ganham acima de três mínimos. Quem ganha até o piso teve reajuste de 9,6% em janeiro. Vaccarezza tenta, com isso, evitar a provável derrota do governo em plenário, na votação da medida provisória do reajuste, marcada para dia 27.

Na semana passada, os líderes aliados fecharam um acordo para garantir um aumento de 7,7% a todos os aposentados que ganham acima de um salário mínimo, contrariando a orientação de Lula, que só havia concordado com a elevação de 6,14% para 7%.

Vaccarezza diz que, por sua proposta, o reajuste de 7,7% beneficiaria 5,6 milhões dos 8,3 milhões de aposentados que recebem acima de um salário mínimo. Segundo ele, dessa forma, o impacto nas contas da Previdência seria de R$ 1,1 bilhão ¿ o mesmo se fosse concedido o reajuste de 7% a todos os benefícios acima do mínimo.

¿ A base aliada briga por 7,7%. Acho que podemos chegar a 7%, com um impacto de R$ 1,1 bilhão. Como podemos chegar a 7,7%? Quero criar faixas de reajuste, beneficiando quem ganha menos. É socialmente justo. Estou conversando com os ministérios da Fazenda e do Planejamento, e há simpatia. Vou ouvir os líderes ¿ afirmou Vaccarezza.

O reajuste de 7,7% a todos os aposentados que ganham acima de um mínimo, como quer a base aliada, representaria um gasto a mais de R$ 1,6 bilhão/ano.

Vaccarezza disse que, além da análise técnica, está sendo analisada também a viabilidade jurídica da proposta. Há juristas, segundo Vaccarezza, que argumentam que reajustes diferenciados poderiam dar margem para questionamentos na Justiça. Quem se sentisse prejudicado poderia alegar falta de tratamento equânime. Mas Vaccarezza acredita na viabilidade da proposta.

Vaccarezza descartou conversar com os líderes aliados no Senado. Segundo ele, a Câmara deve negociar o aumento, e deixar que o Senado avalie e dê seu voto. Na semana passada, a decisão da base aliada na Câmara de bancar o reajuste de 7,7%, e não os 7% aceitos pelo governo, foi tirada em comum acordo com os líderes no Senado.

¿ Vamos avaliar com carinho. É um avanço significativo ¿ afirmou o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg (DF).