Título: Presidente se acha um superestadista
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 21/04/2010, O País, p. 4

Oposição vê riscos na política externa BRASÍLIA.

As críticas publicadas em artigo no jornal britânico ¿Financial Times¿ à política externa adotada pelo governo Lula foram referendadas ontem pela oposição.

Para o presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está colocando o Brasil numa posição de risco. O líder do DEM, senador José Agripino (RN), considera que as posições de Lula, que chamou de inconsequentes, jogam a imagem do país na faixa do ridículo.

O jornal destaca que o Brasil condenou a instalação de bases militares americanas na Colômbia, mas ignorou a compra de armas russas feita pela Venezuela ou o suposto apoio do governo de Caracas às milícias das Farc.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), diz que a máscara de Lula começa a cair.

¿ O mundo começa a ver o Brasil como aliado de ditadores e insensível aos dramas de presos políticos, especialmente aos operários perseguidos pelo regime cubano.

O Brasil vai se sentar na próxima rodada de Doha menor do que a última vez ¿ disse Virgílio, que foi diplomata de carreira.

¿ Lula se acha um superestadista.

Suas atitudes demostram um descompasso entre o tamanho e a importância do Brasil e as inconsequentes posições de seu presidente.

O país está sendo levado para a faixa do ridículo ¿ afirmou Agripino.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), avalia que o artigo assinado pelo jornalista John Paul Rathbone defende a política norte-americana: ¿ O Brasil não vai concordar com nenhum país que faça a bomba atômica, mas nem com os EUA, que, a título de defender a país, promovem a guerra. A maior importância que o Brasil teve no mundo foi com o Lula. O país tem uma política externa autônoma, no conteúdo e na forma. Diferente da política tucana do governo passado.

O senador Renato Casagrande (PSB-ES), da base aliada, minimizou as críticas: ¿ Não trato como gafes posições assumidas pelo presidente, mas como posições de governo. Algumas podem ser questionadas, mas não acredito que influenciem a imagem do país. Houve certo exagero do jornal britânico.