Título: Tranquilidade no mercado
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 21/04/2010, O País, p. 4
Investidores estrangeiros dizem não temer resultado de eleição
A julgar por estudos realizados por três empresas internacionais de investimentos, o mercado financeiro aguarda com tranquilidade o resultado da eleição presidencial deste ano no Brasil. A expectativa é a de que a disputa será acirrada e terá segundo turno. E a previsão é a de que quem vencer manterá ¿ eventualmente melhorando ¿ as políticas que deram estabilidade econômico-financeira ao país.
¿ Não deve haver grandes mudanças com Dilma (Rousseff) ou (José) Serra. Pode haver mudança de estilo (em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva), mas não de gestão ¿ disse Livio Ribeiro, economista do BTG Pactual, durante seminário para investidores, realizado ontem, em Ipanema, sob o título ¿Perspectivas econômicas para um ano de eleição¿.
Seu colega Fabio Oliveira, da Schroders Investment Management, endossou: ¿ Existem mais semelhanças do que diferenças entre Serra e Dilma. Ambos têm grande preocupação social, assim como atenção ao câmbio e aos juros. O modelo, que está dando certo, deve ser mantido ¿ disse ele, embora, em seguida, reconhecesse que, no momento, ainda há ¿conforto tenso¿ em relação à eleição, devido a especulações típicas de campanha.
Glauco Cavalcanti, do banco Credit Suisse, contou que, de acordo com a avaliação da empresa, a disputa eleitoral deverá acontecer ¿sem discurso de ruptura¿, e a perspectiva é a de que a estabilidade prevalecerá.
¿ Do jeito que estamos, é muito difícil que o Brasil saia dos trilhos, pelo menos até 2013.
Os investidores avaliam que o país continuará sofrendo pressões inflacionárias e que os gastos do governo continuarão crescendo. Mas estimam que essas tendências serão absorvidas ¿ e neutralizadas ¿ se o Brasil mantiver crescimento econômico de 5% ao ano.
Nenhum dos três estudos continha palpite sobre o resultado da eleição. Houve concordância que Serra está à frente nas pesquisas por ser mais conhecido do que Dilma. E que os atuais fundamentos econômicos tendem a favorecer Dilma. Para os banqueiros, o sucesso da candidata de Lula dependeria da capacidade dela de transformar em votos a alta aprovação do governo. Levantamento do Credit Suisse mostrou que 53% dos eleitores votariam em quem Lula indicasse, mas, desse grupo, 39% não sabem que Dilma é a candidata dele.
De acordo com o cenário traçado, a inflação este ano seria de 5%, e a de 2011 baixaria para 4,5%. O PIB poderia chegar a 6,5% em 2010 e 5% no ano que vem. Os juros, daqui a um ano, teriam índice nominal de 11,81% e real de 6,17%.
Em termos de câmbio, acham que prevalecerá a tendência de valorização do real, com o dólar chegando a R$ 1,79 em dezembro de 2010.