Título: PSB prepara terreno para a desistência de Ciro
Autor: Camarotti, Gerson; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 21/04/2010, O País, p. 13

Para isso, partido tenta negociar com Lula e Dilma a neutralidade de ambos em estados em que houver palaques duplos

BRASÍLIA. Ao mesmo tempo em que busca uma saída menos traumática para a retirada da candidatura presidencial de Ciro Gomes, a direção do PSB tenta negociar com o presidente Lula e sua candidata, Dilma Rousseff, um comportamento equânime de ambos nos estados onde o partido terá candidato próprio ao governo local. O PSB quer a neutralidade de Lula e Dilma nos estados onde houver outros candidatos da base governista. Ou que eles participem dos dois palanques aliados. A preocupação do PSB é com a possibilidade de Ciro sair atirando e causar estragos à précandidatura petista e, principalmente, aos próprios socialistas. A estratégia é tomar uma posição conjunta ¿ candidatura presidencial e palanques estaduais ¿ para evitar desgastes. ¿ Essa não é uma decisão do presidente Lula e nem de outro partido. Vamos unificar o PSB. Essa será uma decisão tomada de forma coletiva ¿ disse o presidente do PSB, o governador Eduardo Campos (PE), que chegou ontem a Brasília. O partido teme pela candidatura ao governo da Paraíba do ex-prefeito de João Pessoa Ricardo Coutinho (PSB), que poderá ter grande dificuldade se Lula for unicamente ao palanque da reeleição do governador José Maranhão (PMDB-PB). O mesmo ocorreria com as candidaturas dos socialistas Wilson Martins, que tenta a reeleição no Piauí; Camilo Capiberibe no Amapá; Mauro Mendes em Mato Grosso; e o senador Renato Casagrande no Espírito Santo. O Planalto, por sua vez, exige uma definição do PSB para saber como Lula vai se comportar nos estados. O presidente já adiou por tempo indeterminado uma conversa que teria com Ciro nos próximos dias. Mandou recados de que só receberá Ciro no Palácio do Alvorada quando ele desistir da disputa. Para um interlocutor, Lula foi claro: não quer ficar constrangido nem contrariado com a imprevisibilidade de Ciro. Para os petistas, Ciro não tem motivo para ter mágoa do PT ou de Lula. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), diz que, apesar das críticas que Ciro vem fazendo a Lula, o presidente não as rebate: ¿ Podemos conversar e tentar fechar alianças com o PSB, mas não podemos seguir de forma cega a política deles. Indagado se o apoio de Ciro a Dilma era essencial, Vaccarezza respondeu: ¿ O apoio de Ciro é importante. Mas, se ele não apoiar, a Dilma não sairá candidata? Por isso, não é essencial. Essencial é o apoio de Lula.