Título: BB compra banco argentino Patagonia
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 22/04/2010, Economia, p. 20

Instituição pagou US$ 479 milhões e será controladora, com 51% do capital

BRASÍLIA. Depois de quatro meses de negociação, o Banco do Brasil (BB) anunciou ontem a compra do banco argentino Patagonia por US$ 479,6 milhões.

Com o fechamento do negócio, o BB passará a ser o controlador do Patagonia, ao deter 51% do seu capital social e votante. O Patagonia tem 751,6 mil clientes e 154 agências, concentradas na província de Buenos Aires e Rio Negro ¿ onde fica Bariloche, destino de brasileiros.

O banco argentino fechou 2009 com ativos totais de US$ 2,56 bilhões e patrimônio líquido de US$ 487, 8 milhões. É dono de uma carteira de crédito de US$ 1,1 bilhão.

Na operação com o Patagonia, o BB vai comprar 366 milhões de ações ordinárias, a US$ 1,3076 cada. O valor de US$ 479,6 milhões será pago em parcelas, sendo 5% do total depositado no momento da assinatura e 35% durante o registro das ações na Caja de Valores S.A de Buenos Aires em nome do BB. Depois da transferência das ações, o saldo será quitado em quatro vezes.

Segundo Toledo, os recursos a serem desembolsados pela compra do Patagonia virão dos recursos do BB e não da capitalização que o banco fará de quase R$ 9 bilhões, com a finalidade de ampliar o crédito e fazer aquisições. Para que o negócio seja concretizado é preciso a aprovação dos bancos centrais dos dois países, além da assembléia-geral de acionistas do BB.

A investida, segundo o vicepresidente da área internacional do BB, Allan Simões Toledo, marca uma nova fase no processo de expansão do banco público no exterior, de olho nas empresas nacionais e nos milhares de brasileiros que moram ou passam férias fora do país, sobretudo América Latina e EUA.

¿ Essa é uma nova etapa que se inicia hoje (ontem) no processo de internacionalização do banco. Estamos analisando possibilidades em vários países ¿ afirmou Toledo.

Banco faz sondagens em seis países, como Chile e EUA

Além da Argentina, o BB está fazendo sondagens em cinco países, como Chile, Colômbia, Peru, Equador, Uruguai, além dos EUA, onde existem 500 bancos regionais (com poucas agências) à venda. E um dos principais atrativos é o valor dos ativos das instituições, que sofreram impactos da crise financeira internacional.

No início da semana, o BB já havia informado ao mercado sobre a autorização que obteve do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para iniciar negócios nos EUA.

Segundo Toledo, o Patagonia é um banco completo (detém folha de pagamento de servidores públicos, crédito consignado, veículos, cartões de crédito e grandes empresas), o que torna o negócio vantajoso para o BB. Por isso, a decisão em comprar o controle, explicou, conforme ocorreu com a aquisição da Nossa Caixa e o Banco de Santa Catarina. No caso do Votorantim, o BB optou por comprar participação.

Além disso, o BB tem como alvo as 200 empresas brasileiras que têm fábricas na Argentina ¿ um mercado onde o Itaú já tem presença consolidada e rivaliza com o banco público pela liderança no mercado nacional.

Além de crédito, o BB pretende oferecer a essas companhias produtos, como cobrança, pagamento, recebimentos, dentre outros. As perspectivas de ganhos ficam ainda maiores com os fornecedores dessas firmas.

¿ Vamos acompanhar as empresas brasileiras que cresceram no exterior e os brasileiros que vivem fora ¿ destacou Toledo.

Só nos EUA vivem 1,4 milhão de brasileiros e no Japão 370 mil, sendo que 140 mil são clientes do BB, disse.