Título: Autoridade mundial de saúde decreta pandemia
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Fonte: Correio Braziliense, 12/06/2009, Mundo, p. 18

Em meio a mensagens contra reações e pânico, alerta sobre a doença passa ao nível 6. No Brasil, governo garante que ¿se antecipou¿

A gripe A (H1N1), descoberta no fim de abril e conhecida mundialmente como gripe suína, atingiu ontem oficialmente o status de pandemia. O que fez a Organização Mundial de Saúde (OMS) finalmente elevar o nível de alerta do 5 para o 6 ¿ a medida era esperada desde as primeiras semanas do surto ¿ foi o grande número de casos registrados na Austrália, caracterizando a transmissão em larga escala em uma segunda região do globo (além das Américas). A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, no entanto, destacou que o anúncio não significa que o vírus esteja mais letal, até porque a primeira pandemia do século 21 é considerada ¿moderada¿.

¿O aumento para nível 6 (de pandemia) não significa que veremos um crescimento no número de mortes ou casos muito graves da doença. Ao contrário. Muitas pessoas estão adoecendo de maneira leve e se recuperando sem tomar remédios, o que é uma boa notícia¿, disse Chan em entrevista coletiva. Segundo a diretora da OMS, a pandemia está ¿no começo¿, e o fato de as autoridades de saúde terem investido na pesquisa para a contenção desse tipo de surto, nos últimos anos, faz com que a reação seja mais efetiva. ¿Graças a uma vigilância estrita, por meio de investigações e relatórios feitos pelos países, temos a noção da possibilidade de propagação do vírus e da gama de doenças que ele pode causar¿, destacou.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, fez um apelo à comunidade internacional para manter a calma, já que a declaração da OMS só ¿formaliza a expansão geográfica da doença¿. Entretanto, a organização sustenta que é preciso manter a vigilância e as medidas de contenção, principalmente nos países em desenvolvimento. ¿Embora a epidemia pareça ter uma gravidade moderada nos países ricos, é prudente prever um panorama mais negativo, já que o vírus se espalha por regiões com recursos limitados, sistemas de saúde precários e uma alta prevalência de outros problemas médicos¿, afirmou Chan.

Para o diretor do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, Thomas Frieden, a elevação do nível de alerta da OMS ¿não é uma surpresa¿. Segundo o especialista, a organização não anunciou que se tratava de uma pandemia ¿até que teve suficiente documentação sobre a presença do vírus em diferentes regiões do mundo¿. Trata-se, ele pondera, ¿de uma cepa do vírus da gripe para a qual a maioria dos humanos não tem imunidade e que é transmitida de pessoa a pessoa ao redor do mundo, mas essa situação não está nem perto do nível da gripe espanhola de 1918¿.

Até ontem tinham sido registrados 27.737 casos em 74 países, com 141 mortes confirmadas. A maioria dos contágios se concentra nos Estados Unidos (13.217), México (5.717) e Canadá (2.446). Já na América Latina, o país mais afetado é o Chile, com 1.694 casos e duas mortes.

Emergência As autoridades sanitárias de China e de Hong Kong registraram 14 novos casos da gripe suína nas últimas horas, o que elevou para 160 o número total de doentes. O governo de Hong Kong ordenou o fechamento das escolas primárias por duas semanas, a partir de hoje, depois que 12 alunas de um colégio foram sido contaminadas. O chefe do Executivo da cidade, Donald Tsang, não exclui a possibilidade de fechar também as escolas secundárias, se forem confirmados casos de gripe A (H1N1). Na Alemanha, 27 crianças de uma escola japonesa em Düsseldorf (oeste) contraíram o vírus, levando ao cancelamento das aulas. ¿As famílias envolvidas foram colocadas em quarentena, e os serviços de saúde informaram sobre as medidas a serem adotadas¿, comunicou a prefeitura.

Em Cuba, o governo confirmou ontem o primeiro caso da gripe em um cidadão do país. Uma mulher de 65 anos que passou quase todo o mês de maio nos Estados Unidos chegou de volta no último dia 3 com sintomas da doença. Em seguida, ela passou por exames e a suspeita foi confirmada. A ilha já havia registrado cinco casos da gripe, mas em pessoas de outras nacionalidades: três mexicanos que estudam no país e dois turistas canadenses.