Título: Grécia pede socorro de A 45 bi ao FMI e à UE
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Fonte: O Globo, 24/04/2010, Economia, p. 19

É a primeira vez que país da zona do euro recorre ao Fundo. Alemanha pressiona por ajuste fiscal mais rigoroso Do New York Times

ATENAS e RIO. O governo da Grécia solicitou formalmente ontem o dinheiro do pacote de ajuda aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e países da União Europeia (UE) há duas semanas. É a primeira vez que um país da zona do euro recorre à UE e ao FMI para pedir ajuda. O pacote soma C 45 bilhões, dos quais C 30 bilhões virão dos países do bloco europeu e o restante do FMI. O premier grego, George Papandreou, em pronunciamento à nação, descreveu a economia do país como um ¿navio que naufraga¿, o que torna o pedido de socorro incontornável.

¿ Fizemos um plano, adotamos medidas difíceis e dolorosas, mas os mercados não reagiram ¿ disse o premier. ¿ Chegou a hora de pedirmos a nossos parceiros na UE que ativem o mecanismo que formulamos juntos.

O déficit público da Grécia é estimado em 13,6% do PIB ¿ quando o limite máximo estabelecido para a zona do euro é de 3%. Isso empurrou para cima as taxas de juros sobre os títulos da dívida soberana do país. Pressionado pelos países da zona do euro, o governo anunciou medidas de austeridade e aperto monetário. A Alemanha, porém, vem sinalizado que quer mais arrocho.

Por outro lado, sindicatos, estudantes e várias associações realizam protestos e greves na Grécia. Ontem, manifestantes e policiais entraram em choque na capital grega.

Muitos investidores estão convencidos de que Atenas não sairá da crise com a ajuda solicitada. Para eles, o país terá que renegociar os termos do atual acordo.

¿ Isso (acionar o pacote de ajuda) vai enviar uma forte mensagem aos mercados de que a UE não está jogando o jogo deles e não deixará sua moeda sob risco ¿ disse Papandreou, referindo-se ao efeito da crise no euro.

Mercados recebem com cautela decisão grega O pedido de empréstimo da Grécia a seus parceiros na Europa ainda depende da aprovação do Legislativo de alguns países. Isso inclui a Alemanha, a nação mais influente do grupo, e que tem cobrando mais medidas de austeridade de Atenas.

Apesar disso, o Ministério de Finanças alemão disse que está ¿pronto para agir¿.

¿ Nós na Alemanha prometemos solidariedade e vamos dá-la ¿ disse Michael Offer, porta-voz do ministério. ¿ Estamos fazendo isso para estabilizar o euro, o que significa que também estamos cuidando do nosso interesse.

Já o dinheiro do FMI estará disponível tão logo sua diretoria aprove os termos.

¿Estamos preparados para agir com rapidez em relação a este pedido¿, disse Dominique Strauss-Kahn, o diretor-gerente do FMI, em nota divulgada em Washington, onde participa da reunião dos ministros de Finanças do G-20.

Os investidores receberam com cautela a ação da Grécia.

De um lado, o socorro talvez não seja suficiente para resolver a crise do país. De outro, alivia os mercados sobre os riscos de um default da dívida soberana grega.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegou a cair 0,79%, influenciada em parte pelo pedido de socorro da Grécia, mas depois fechou em alta de 0,18%, aos 69.509 pontos pelo Índice Bovespa (Ibovespa).

Na semana subiu 0,13% e no mês, recua 1,22%. O dólar comercial fechou em queda de 0,16%, a R$ 1,762. Os ganhos de ontem da Bovespa foram puxados pelas bolsas americanas e ações da Petrobras (1,17%).

Em Wall Street, Dow Jones subiu 0,63% e Nasdaq, 0,44%.

COLABOROU Bruno Villas Bôas, com agências internacionais