Título: O reflexo no mercado de capitais será inevitável
Autor: Villas Bôas, Bruno; Melo, Liana
Fonte: O Globo, 28/04/2010, Economia, p. 20

O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, está convencido de que o Brasil será, desta vez, bem menos afetado do que em 2008. Os maiores impactos, diz ele, recairão sobre o mercado de capitais.

O GLOBO: Até que ponto o Brasil pode ser afetado pela decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor¿s de rebaixar os ratings da Grécia e de Portugal?

LUÍS AFONSO LIMA: Como o Brasil hoje tem uma pauta de exportação bastante diversificada, deverá ser menos afetado do que no passado. Mesmo assim, os reflexos no mercado de capitais serão inevitáveis, porque a decisão da S&P vai aumentar a aversão ao risco.

O mundo estaria às vésperas de uma nova crise global?

LIMA: De jeito nenhum. Em sua ¿Perspectiva Econômica Mundial¿, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu de 3,9% para 4,2% a sua estimativa de crescimento econômico global para 2010. Isto é a prova de que o mundo está reagindo bem e com mais rapidez do que se esperava, mas ainda há problemas localizados.

O senhor acha que a União Europeia está correndo risco?

LIMA: A Europa precisa se manter unida para enfrentar concorrentes mais agressivos, como é o caso da China. A turbulência envolvendo Grécia e Portugal, que juntos fazem parte dos Piigs (sigla em inglês que inclui ainda Itália, Irlanda e Espanha), demonstra que a distância entre os países líderes e os lanterninhas da economia europeia não para de crescer.

(Liana Melo)