Título: Meirelles: BC não precisa provar nada
Autor: Beck, Martha; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 28/04/2010, Economia, p. 21
Presidente do Banco Central diz que decisões de política monetária são técnicas
BRASÍLIA e RIO. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou ontem ¿ dia da primeira etapa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para decidir o rumo da taxa básica de juros ¿ que o BC ¿não precisa provar mais nada a ninguém¿ e que as decisões de política monetária são técnicas.
¿ Engana-se quem pensa que pode haver mudança de orientação nesta administração.
Não houve e não haverá ¿ afirmou Meirelles, durante a posse do novo diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva.
As declarações de Meirelles tiveram alvo certo: as críticas de parte do mercado sobre a postura adotada pelo Copom recentemente e que poderia ter tido objetivos políticos. Em março, apesar de sinais de aquecimento da atividade econômica e de pressões inflacionárias, o comitê decidiu manter a Selic em 8,75% ao ano. Naquele momento, Meirelles ainda não havia decidido seu futuro político, já que havia se filiado ao PMDB, e vislumbrava a possibilidade de sair do BC para concorrer a um cargo eletivo neste ano.
Ontem, Meirelles voltou a argumentar que os movimentos feitos pelo BC são autônomos e que buscam única e exclusivamente a estabilidade econômica e de preços.
¿ As pessoas passam a ver a estabilidade de preços, a estabilidade econômica, a inflação na meta como um ativo eleitoral.
Poucas pessoas entendem a decisão de terminar o trabalho e permanecer no BC ¿ afirmou ele, que deve ficar à frente do BC até o fim do governo Lula.
Hoje, o Copom define o futuro da Selic e as apostas vão de uma alta de meio ponto e de 0,75 ponto. Segundo a consultoria Uptrend, mesmo sem as elevações, o Brasil continuará com a maior taxa de juro real do mundo, hoje em 3,5% ao ano, valor que pode chegar a 4,2% e 4,5%, se a Selic subir meio ponto e 0,75 ponto, respectivamente.