Título: Amorim negocia e EUA buscam novas sanções
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 28/04/2010, O Mundo, p. 27

Ministro se diz otimista após encontro com Ahmadinejad; em Pequim, Sarkozy pedirá punições

BRASÍLIA. Após reunir-se ontem com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o governo brasileiro estaria disposto a examinar uma eventual proposta para a troca de combustível nuclear iraniano em seu território. Enquanto o brasileiro negociava para garantir um programa com fins pacíficos, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmava que os Estados Unidos buscam novas sanções para ¿agravar as escolhas que os líderes do Irã enfrentam¿.

Ao mesmo tempo, o presidenteda França, Nicolas Sarkozy, anunciava que vai a Pequim ainda hoje para tentar o apoio definitivo do presidente Hu Jintao na aplicação de nova rodada de sanções.

Em Teerã, Amorim esclareceu que a ideia da troca de combustível nuclear não foi apresentada ou discutida com as autoridades iranianas.

¿ Até o momento, não recebemos nenhuma proposta neste sentido mas, se recebermos uma, consideramos que poderia ser examinada ¿ afirmou. ¿ As conversas em Teerã foram profundas, complexas, não definitivas, mas saio daqui mais otimista ¿ garantiu o ministro.

Amorim, segundo relatou um alto funcionário do governo brasileiro, teria afirmado a Ahmadinejad que o Brasil pode atuar como mediador no conflito entre o Irã e o Ocidente. Além disso, tanto Ahmadinejad quanto o ministro das Relações Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, exploraram meios de se evitar as sanções econômicas ao país.

Esforços distintos nos Estados Unidos e na França

O chanceler reiterou a posição do governo brasileiro de que a única alternativa para evitar punições rigorosas é negociar um acordo que prevê a troca de urânio enriquecido e combustível. Na avaliação do ministro, as autoridades iranianas mostraram-se ¿receptivas a ouvir e a refletir sobre alternativas para uma solução negociada e pacífica¿.

Nos dois encontros que teve ¿ o primeiro com Mottaki e o segundo com Ahmadinejad ¿, Amorim voltou a defender que o Irã apresente garantias de que seu programa nuclear não tem o risco de violação ou de desvio para uso militar.

¿ Não há consenso político de que o Irã deve ser isolado ou que o Brasil seguirá esta direção ¿ disse Amorim.

Depois de um fim de semana sem avanços nos esforços para conter o programa nuclear iraniano, Hillary destacou o fracasso do encontro entre o chanceler do Irã e o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena, que não gerou qualquer acordo para um plano de intercâmbio de material radiativo.

¿ Até agora não houve nada de novo que não tenha sido apresentada. Os EUA estão trabalhando com nossos parceiros em novas sanções duras, que agudizem ainda mais as escolhas que os líderes do Irã enfrentam ¿ disse Hillary após reunirse com um representante da União Europeia em Washington.

Durante encontro com o ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, o secretário de Defesa americano, Robert Gates, disse ontem que está satisfeito com as possíveis sanções contra o Irã, e garantiu que os EUA dedicarão muito tempo ao tema. Na França, Sarkozy informou que na viagem que fará hoje à China espera obter o apoio definitivo de Pequim às sanções.

Com agências internacionais