Título: Impasse sobre aposentados continua
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 29/04/2010, O País, p. 4

PMDB defende 7,7%, e aumento deverá ser resolvido hoje por Lula

BRASÍLIA. Devido à posição do PMDB no Senado em favor de um aumento de 7,7%, líderes da base governista na Câmara e no Senado não chegaram ontem a um consenso sobre um reajuste de 7% para os aposentados que ganham acima do salário mínimo.

Mas, para orçar um acordo, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), apresentou ontem seu parecer, fixando o aumento em 7%, contra os 6,14% previstos no texto original da medida provisória 475. Vaccarezza é relator da MP 475, e os 7% já foram aceitos pelo presidente Lula, que terá hoje um jantar com senadores aliados para tentar resolver o impasse. Sem acordo, a votação foi novamente adiada para a semana que vem.

O PMDB, apesar das dificuldades de entendimento entre deputados e senadores do partido, informou ao governo que terá uma posição única e que não permitirá a votação da MP enquanto não se chegar a esse consenso. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), apresentou a posição do partido em favor dos 7,7% durante reunião dos líderes aliados com os líderes do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR).

¿ O PMDB na Câmara não vai votar essa MP sem estar afinado com o PMDB do Senado. Não vamos criar constrangimentos ainda maiores ¿ resumiu o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Em seu parecer, Vaccarezza retirou o parágrafo que fixava as regras para a concessão do reajuste às aposentadorias em 2011. É que o texto mantinha a regra atual ¿ de concessão da inflação mais 50% do PIB ¿, mas o problema é que o PIB em 2009 foi negativo, o que anularia um aumento real no ano que vem. O parecer pode ser derrotado em plenário. O governo já sabe que, sem acordo, os parlamentares tentarão aprovar os 7,7% e o fim do fator previdenciário.

¿ Apresentamos proposta de 7%, em substituição aos 6,14%. Estamos pertinho de chegar a um acordo ¿ disse Vaccarezza.

A votação foi marcada para a próxima terça-feira. Alguns líderes apostam que Lula convencerá o PMDB do Senado a apoiar os 7%. Segundo um dos líderes, o PMDB estaria querendo ¿valorizar o passe¿. O parecer de Vaccarezza pode ser alterado em plenário. A concessão dos 7% de aumento causaria um rombo adicional de R$ 1,1 bilhão. Esse índice é o resultado da concessão da inflação do período mais 67,25% do PIB de 2008. O reajuste de 6,14% dado em janeiro equivale à inflação mais 50% do PIB, custando R$ 6,7 bilhões.