Título: Funaro volta a acusar atual tesoureiro do PT
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 29/04/2010, O País, p. 14

Também sob investigação, corretor faz denúncias contra fundos de pensão e estatais ao depor na CPI das ONGs

BRASÍLIA. Em depoimento à CPI das ONGs, o corretor Lúcio Funaro sugeriu ontem que o Senado investigue os três maiores fundos de pensão do país ¿ Previ, do Banco do Brasil; Petros, da Petrobras; e Funcef, da Caixa Econômica Federal ¿ para apurar suposto tráfico de influência do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Autor de denúncias contra o petista, acusado de cobrar propina para intermediar negócios com fundações, Funaro, beneficiado com delação premiada, afirmou que a quebra do sigilo revelará a intermediação de Vaccari. E sustentou que o tesoureiro mentiu.

¿ Vendo quais investimentos fizeram, com quem, a que taxas, vai ser fácil verificar se houve ou não (intermediação) ¿ afirmou, citando como exemplo da influência do tesoureiro o fundo de investimentos lançado em 2004 pela Cooperativa dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop), presidida por Vaccari até o início do ano.

Petros, Funcef e Previ embarcaram no negócio, aplicando cerca de R$ 30 milhões, com a promessa de rendimento de 12,5% ao ano. Mas aceitaram acordo, em 2009, que baixou a rentabilidade à metade. Segundo Funaro, o acordo foi possível graças a Vaccari. Num plenário esvaziado pelos governistas, o depoimento durou pouco mais de uma hora. Funaro mascou chicletes e mostrou-se à vontade.

Pediu que o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da CPI, não o interrompesse.

Dispensou Agripino Maia (DEMRN) de chamá-lo de senhor.

O corretor reafirmou acusação de que o ex-ministro José Dirceu teria recebido propina para que o Fundo Portus, de trabalhadores portuários, vendesse participação num shopping em Blumenau, negócio desvantajoso.

O valor da comissão teria chegado a R$ 5,5 milhões. Ele sugeriu que, na condição de conselheiro de Itaipu, Vaccari interferiu em negócios da usina.

Funaro afirmou que teve ¿alguns¿ e não um único encontro com Vaccari. Confirmou que foi apresentado ao petista pelo deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), a pedido do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares: ¿ É mentira dele (Vaccari).

Foi mais de uma vez.

Funaro atacou as relações da Petrobras com o Grupo Schahin, que classificou como especializado em ¿lavagem de dinheiro¿, e disse que a estatal tem com o conglomerado contratos de US$ 7 bilhões, todos fraudados. Afirmou que, só num contratos, a estatal repassou a uma offshore nos EUA, mantida pelo Grupo Schahin, US$ 1,5 bilhão.

¿ Tem lavagem de dinheiro, evasão de divisas e laranjas.

A oposição pedirá quebra de sigilo dos fundos e tentará acareação entre Vaccari e Funaro, o que depende da adesão dos governistas.

Presidente da CPI, Heráclito Fortes disse que mandará as denúncias ao Ministério Público Federal, mas ponderou que elas têm que ser vistas com reservas. Para Heráclito, Funaro teria interesses contra a Schahin, mas o senador ressaltou que nem por isso poderia desqualificar as denúncias dele.

Para o senador, cabe ao Ministério Público apurar os fatos.