Título: Menor desemprego em março desde 2002
Autor: Rodrigues, Lino; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 30/04/2010, Economia, p. 25

Segundo IBGE, taxa sobe de 7,4% para 7,6%. Renda tem alta de 1,5%, para R$1.413

O mercado de trabalho das seis principais regiões metropolitanas do país continua a dar sinais de aquecimento. A taxa de desemprego, segundo o IBGE, ficou em março em 7,6% - bem abaixo dos 9% registrados em igual mês de 2009 e pouco acima da de fevereiro (7,4%). Trata-se da menor taxa para um mês de março, em toda a série da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), iniciada em 2002.

Segundo Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, o resultado da taxa de desocupação de março não surpreendeu. Ele lembra, entretanto, que apesar do cenário favorável, o mercado de trabalho ainda não tem "força suficiente para atender a população em busca de trabalho".

- O mercado de trabalho ainda não evoluiu a ponto de fazer cair a taxa de desocupação. Essa inflexão, que em alguns anos ocorreu em março, pode acontecer no próximo trimestre. De qualquer maneira, os indicadores mostram um quadro favorável em 2010, onde a permanência de temporários é maior, há aumento do emprego com carteira de trabalho, cresce o poder de compra da população - disse.

O rendimento médio ficou em R$1.413,40, alta de 1,5% sobre março de 2009. O resultado é recorde para um mês de março e perde só para julho de 2002. Contudo, a leitura dos números, para alguns economistas, é que esse cenário pressiona a inflação, justificando a alta de juros de 0,75 ponto percentual feita pelo BC, para frear o crescimento da atividade econômica do país. O setor de construção foi o que apresentou a maior variação no rendimento mensal: passou de R$1.123,46 em fevereiro para R$1.138,30 em março, alta de 1,3%. Os rendimentos da indústria, entretanto, ficaram menores de um mês para o outro (-1,2%).

Para o economista Rafael Yamano, do Banco Fator, o baixo nível de desemprego pressiona a inflação.

- E a massa salarial que também ajuda no crescimento da economia, já que tem a ver com renda, também é um fator de pressão - completou, lembrando que considerou prudente o aperto monetário. - Será importante para desacelerar a economia.