Título: Marchar, pode: fumar, não
Autor: Costa, Jacqueline
Fonte: O Globo, 01/05/2010, Rio, p. 29

Justiça libera Marcha da Maconha, marcada para hoje na orla

A MARCHA de 2009: PM admite usar agentes à paisana no evento

Chova ou faça sol, a Marcha da Maconha sai hoje, por volta das 15h, do Jardim de Alah rumo ao Arpoador, pela orla de Ipanema. O juiz Luis Gustavo Grandinetti, do 4º Juizado Especial Criminal (Leblon), concedeu habeas corpus em nome de um dos organizadores, o sociólogo Renato Cinco, autorizando a manifestação. Na determinação judicial, que é extensiva a todos que participarem do evento, o juiz escreveu: ¿Quem for contra o que será dito, que faça outra manifestação para dizer que é contra e por quê¿. A decisão, porém, deixa claro que ninguém pode usar ou incentivar o uso da maconha.

¿ Mesmo se chover, esperamos pelo menos quatro mil pessoas. No ano passado, foram 2.500. Achamos que o número de manifestantes será maior do que no passado porque percebemos uma receptividade maior ao movimento nas ruas e pelo número de voluntários na organização da marcha, que cresceu ¿ diz Renato.

A marcha fará uma parada no Posto Nove. Durante o caminho, serão distribuídas cerca de 600 máscaras estampadas com os rostos de famosos que apóiam o movimento pela liberação da maconha, como os cantores Marcelo D2 e Tico Santa Cruz. Haverá ainda faixas e cartazes. Ex-ministro do Meio Ambiente, o deputado estadual Carlos Minc confirmou presença no evento. Renato explica que a caminhada será finalizada com uma vigília à luz de velas:

¿ Será uma homenagem às vítimas da violência urbana. Gente que morreu em consequência da proibição da maconha.

Renato Cinco acrescentou que mandou ofícios avisando sobre a manifestação para a 14ª DP (Leblon), o 23º BPM (Leblon) e a subprefeitura da Zona Sul. A PM informou que realizará policiamento visando preservar a ordem pública, mas que não haverá esquema especial. Sobre a presença de agentes à paisana, a nota informou que é uma estratégia da corporação. Renato pede que os participantes não fumem maconha durante a caminhada.

¿ É uma manifestação pela liberação e não um ato de desobediência civil.

No Rio, esta será a sexta edição da marcha, que acontece desde 2002. Nos anos de 2003 e 2006, o movimento não teve organizadores. Em 2008, foi proibido pela Justiça. Segundo Renato Cinco, este ano, a Marcha da Maconha, que acontece em nove capitais brasileiras este mês, foi proibida em Fortaleza e São Paulo, a pedido do Ministério Público estadual.