Título: Socorro à Grécia deve sair neste fim de semana
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Fonte: O Globo, 01/05/2010, Economia, p. 37

Ministros de Finanças da zona do euro discutem amanhã termos da ajuda. Para premier grego, `é questão de sobrevivência¿

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BRUXELAS e ATENAS. Os ministros de Finanças das 16 nações que adotam o euro como moeda vão se reunir amanhã para revisar a proposta de resgate financeiro da Grécia. O encontro ocorre no mesmo momento em que o governo de Atenas conclui suas negociações para adoção de um drástico pacote de medidas de austeridade fiscal ¿ que inclui cortes salariais e aumento de impostos ¿ para obter empréstimos de seus parceiros europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Jean-Claude Juncker, de Luxemburgo, chefe do comitê de ministros de Finanças da zona do euro, disse que a reunião de amanhã será em Bruxelas, quando o grupo discutirá o acordo para a Grécia, fechado entre o governo grego, o FMI e as autoridades europeias. Juncker disse a reunião de amanhã tem caráter ¿extraordinário¿ e vai considerar as novas medidas de austeridade que serão anunciadas este fim de semana pelo premier grego, George Papandreou.

Grécia, União Europeia (UE) e FMI devem definir os novos passos que Atenas adotará como condição de acesso ao pacote de ajuda, que proveria o país com um total de 120 bilhões nos próximos três anos, dos quais 45 bilhões em empréstimos este ano.

Ontem, Papandreou voltou a insistir que as medidas de austeridade ¿ que poderão aprofundar a recessão no país ¿ são uma questão de sobrevivência, contrariando sindicatos e oposicionistas, que prometem resistir às medidas.

¿ Hoje, a prioridade é a sobrevivência da nação. Essa é a linha divisória ¿ disse o premier grego ao Parlamento, em reposta ao pedido da oposição de que o governo não adote as medidas desenhadas nas negociações com o FMI e a UE de cortes fiscais agressivos. ¿ As medidas econômicas que nós precisamos tomar são necessárias para a proteção do nosso país, para o nosso futuro, para nós podermos ficar de pé.

Líderes sindicais disseram que foi pedido à Grécia que cortasse seu déficit em 10% do PIB no ano fiscal de 2010/2011, aumentando o imposto sobre valor agregado, reduzindo bônus do setor público e congelando o salário de funcionários públicos em troca da ajuda financeira.

¿ As altas taxas de juros tornaram impossível pegar financiamento junto aos mercados internacionais ¿ disse o vice-ministro das Finanças Philippos Sachinidis ao Parlamento.

Desemprego na zona do euro alcançou 10% em março

Ontem, o Banco Central Europeu (BCE) informou que a inflação na zona do euro subiu dentro do previsto em abril, mas continuou abaixo da sua meta, reforçando as expectativas do mercado para a estabilidade da taxa de juros no bloco até 2011. Os preços ao consumidor nos 16 países da zona do euro subiram 1,5% em uma base anual, mais que a taxa de 1,4% em março. O BCE quer manter a inflação um pouco abaixo de 2% a médio prazo. Economistas esperam que o banco mantenha as taxas de juros na mínima recorde de 1% até o ano que vem.

Segundo a agência de estatísticas da União Europeia (Eurostat), o desemprego na zona do euro ficou estável em março ante fevereiro, em 10%.