Título: Para governo, ajuda à Grécia é positiva
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 04/05/2010, Economia, p. 20
A equipe econômica brasileira considerou importante a ajuda financeira de 110 bilhões concedida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE) à Grécia. Segundo os técnicos, a medida reduz incertezas no curto prazo. Ajudar os gregos significa dar um passo para evitar que a crise no país contagie os demais Piigs (Portugal, Itália, Irlanda e Espanha), que também passam por dificuldades. Mas, na avaliação de um integrante da equipe econômica, a grande dúvida é saber se a Grécia terá condição de cumprir o forte ajuste fiscal com o qual se comprometeu.
Se o país não conseguir organizar suas finanças, a percepção de risco dos investidores voltará a crescer e eles podem passar a exigir taxas muito elevadas para aplicar nos papéis gregos. Isso elevaria ainda mais o custo de rolagem de dívidas que já são muito altas.
- A Europa responde por 25% da economia mundial. Se ela entrar em crise, ela carrega muita gente junto - disse um técnico.
Ele lembra que dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS) mostram que a exposição dos bancos europeus aos Piigs chega a US$3,4 trilhões. No caso da Grécia, esse montante é de US$298 bilhões. Já com a Itália, ele é de US$1,2 trilhão.
Para países em desenvolvimento como o Brasil, a consequência direta imediata é que a aversão a risco leve os aplicadores a buscar segurança no dólar.
- Uma desvalorização do real até seria boa até determinado ponto, pois resolveria nosso problema de competitividade, mas um desequilíbrio cambial mais forte afetaria as contas brasileiras - disse um técnico.
Para ele, no entanto, o país é sólido e está preparado para turbulências em função de medidas como o acúmulo de reservas internacionais. A equipe econômica acredita ainda que a economia europeia deve continuar num movimento em L, ou seja, com crescimento baixo após a rápida mas vertiginosa retração, porém sem nova recessão.
COLABOROU Patrícia Duarte