Título: Importação dispara e saldo comercial cai
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 04/05/2010, Economia, p. 20

Com real forte e aquecimento interno, superávit recua 67% no quadrimestre

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$1,283 bilhão em abril, resultado de exportações de US$15,161 bilhões e importações de US$13,878 bilhões, valores recordes para o mês. No entanto, o governo está preocupado com o expressivo avanço das importações de bens de consumo em geral. A taxa de crescimento em abril foi de 49,9% sobre o mesmo período de 2009, sendo que a de bens duráveis, como automóveis e máquinas e aparelhos para uso doméstico, chegou a 71,4%.

O forte ingresso de importados, segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, deve-se ao aquecimento no mercado interno e ao real valorizado frente ao dólar, que torna os gastos no exterior mais baratos. Enquanto as exportações aumentaram 23% em relação a abril do ano passado, a importações subiram 60,8%.

- A questão é que a indústria nacional não pode perder vendas no mercado doméstico, já que, lá fora, a grande concorrência com outros mercados, como a China, e o câmbio tiram competitividade dos produtos nacionais - afirmou Barral, reconhecendo, porém, que as importações de bens de consumo podem ajudar a conter a inflação.

Por outro lado, lideraram a pauta de importações matérias-primas e produtos intermediários, com crescimento de 65,1% - também reflexo do mercado doméstico aquecido e do câmbio. As compras externas de bens de capital subiram 18,9% e de combustíveis e lubrificantes, 173,3%, no último caso devido à alta do preço do petróleo nas bolsas internacionais.

Nas exportações, houve recuperação dos embarques para todos os mercados, à exceção da África, destino para o qual houve queda de 32%. Os chineses foram os responsáveis pelo decréscimo: como o Brasil tem perdido contratos de obras de infraestrutura para empreiteiras da China, consequentemente vende menos ao mercado africano, como siderúrgicos, bens de capital, plásticos e outros insumos.

No mês passado, houve aumento nas três categorias de produtos exportados pelo Brasil: 18% manufaturados, 25,4% básicos e 33,8% semimanufaturados. Entre os básicos, ainda como consequência da elevação da cotação do petróleo lá fora, os óleos combustíveis lideraram a pauta de exportações de industrializados, seguidos por veículos de carga e açúcar refinado.

No quadrimestre, as exportações (US$54,390 bilhões) e as importações (US$52.215 bilhões) também bateram recordes. Mas o saldo acumulado, de US$2,175 bilhões, ficou 67,4% abaixo do registrado em igual período de 2009 (6,681bilhões).

Assim como ocorreu em abril, houve queda das exportações para a África, de 14,8%. As maiores quedas se deram com automóveis e partes, máquinas e equipamentos, cereais, minério de ferro e aviões.

China lidera compras de produtos brasileiros

Ainda nos quatro primeiros meses do ano, houve crescimento das importações em todas as categorias de uso. As compras de bens de capital aumentaram 17,9%; de combustíveis e lubrificantes, 69,6%; bens de consumo, 45,5%; e matérias primas e intermediários, 46,6%.

Por mercados compradores de produtos brasileiros, a China liderou o ranking, seguida por Estados Unidos e Argentina. Entre os maiores fornecedores de bens para o Brasil, os EUA ficaram na frente, no quadrimestre, vindo China e Argentina em seguida.