Título: Indústria vai subir
Autor: Verdini, Liana
Fonte: Correio Braziliense, 16/06/2009, Economia, p. 14

A produção da indústria paulista ¿ a maior do país ¿ referente a maio deve subir 3,8% no confronto com o mês anterior. É o que mostra o Sinalizador da Produção Industrial (SPI) de São Paulo, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em abril, o índice teve alta de 3,2% na comparação com março, na série com ajuste sazonal, sendo que a produção industrial paulista subiu 1% naquele mês, na mesma base de comparação, de acordo com dados oficiais do IBGE.

O objetivo do indicador, elaborado por meio de parceria entre a FGV e a AES Eletropaulo, é de antecipar as tendências da atividade industrial no estado de São Paulo. Em comunicado, as instituições informaram ainda que, na comparação ante maio do ano passado, o SPI registrou queda de 9,9% no mês passado. Além disso, na série sem ajuste sazonal, o SPI teve alta de 11,8% em maio ante abril. Já na comparação dos últimos 12 meses até maio, com o período de 12 meses encerrado em abril, a taxa do SPI é negativa em 4,3%, a menor desde novembro de 1999, quando ficou em -5,4%, nesse tipo de comparação. A FGV e a Eletropaulo informam que os resultados mensais são preliminares, sujeitos a revisão.

Dificuldades Nem todo o setor industrial mantém o otimismo, mesmo que cauteloso. Os frigoríficos brasileiros, em meio a um período difícil devido ao recente aperto no crédito e queda na demanda externa, temem mais dificuldades por causa da questão ambiental e às restrições a animais em áreas da Amazônia Legal. Na semana passada, supermercados como Pão de Açúcar, Wal-Mart e Carrefour anunciaram a suspensão de compras de carne com origem em áreas desmatadas do Pará.

A decisão dos varejistas acatou recomendação do Ministério Público Federal do Pará. Edivar Vilela de Queiroz, presidente do Sindifrio-SP, sindicato que reúne os frigoríficos do estado de São Paulo, criticou a decisão dos supermercados porque, segundo ele, o boi criado no Pará, em sua maioria, está em ¿áreas consolidadas¿, ou seja, desmatadas há dezenas de décadas.

¿As ONGs e o Ministério Público estão mal informados. A carne que vem da Amazônia não tem nada a ver com desmatamento. O produto é resultado de uma situação consolidada. A criação de gado ocorreu após o desmatamento¿, declarou Queiroz a jornalistas, após evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que reuniu também o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

Para Queiroz, também presidente do Conselho de Administração do frigorífico Minerva, a radicalização das discussões poderia ter implicações para a indústria de carne de São Paulo, que atualmente depende da importação de bezerros e garrotes nascidos ao Norte do país.