Título: Lula é pressionado a aceitar reajuste de 7,7%
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 07/05/2010, O País, p. 17

Mas presidente deve vetar o fim do fator previdenciário, caso Senado aceite medida aprovada pela Câmara

BRASÍLIA. Embora ainda haja uma divisão no governo, entre as equipes política e econômica, crescem as negociações para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vete o fim do fator previdenciário, mas respeite a decisão dos parlamentares de reajustar em 7,7% as aposentadorias para quem ganha acima do salário mínimo, caso o índice aprovado pela Câmara seja mesmo chancelado pelo Senado. O governo já analisa uma solução política, com Lula apontando cortes orçamentários que suprissem o custo adicional de cerca de R$ 1,6 bilhão ¿ a diferença entre o reajuste original de 6,14% e o aprovado, de 7,7%. A preocupação do governo é mostrar ¿responsabilidade fiscal¿ ao tomar a decisão. E, ao mesmo tempo, não ferir uma posição política tomada majoritariamente pelo Congresso. Mas o presidente, apesar de conselhos nesse sentido, ainda está muito irritado, ouvindo alertas sobre gastos, em especial da área econômica. Essa alternativa seria negociada até o Senado votar a medida provisória 475, tempo em que a sociedade assimilaria o episódio como uma decisão do Congresso contra a qual Lula não poderia brigar. Dentro do governo e entre aliados, o veto ao fim do fator é dado como certo. A interlocutores, Lula reclamou muito do comportamento da base aliada, em especial dos companheiros do PT, que votaram a favor do fim do fator, como o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) ¿ ex-presidente nacional do partido e ex-ministro da Previdência ¿ e ainda o sindicalista Vicentinho (PTSP), seu amigo pessoal. Responsável pelas negociações em nome do governo na Comissão Mista de Orçamento, o vice-líder do governo no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG), defendeu ontem que Lula sancione os 7,7% e vete o fim do fator previdenciário. O governo quer mostrar aquilo que pode e o que não pode fazer. Mas é uma negociação que vai ser construída aqui. Mas todo mundo sabe que, com isso, vai ter que ter corte de algum lugar. No caso do fator, está definido, porque não é dessa forma, não se pode discutir o fator numa MP ¿ disse Gilmar Machado.