Título: Mercado já projeta PIB de 6,26%
Autor: Almeida, Cássia; Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 11/05/2010, Economia, p. 21

Se confirmada, será a maior taxa desde o Plano Cruzado

Diante dos sinais de aquecimento da economia brasileira, analistas do mercado já preveem que o Brasil crescerá 6,26% este ano, na maior taxa desde 1986, quando o país vivia os efeitos do Plano Cruzado e cresceu 7,5%. Economistas ouvidos na pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), revisaram na semana passada suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos na economia). Até então, a estimativa era de uma expansão de 6,06%, a maior desde 2007, quando o PIB brasileiro avançou 6,1%.

Há apenas quatro semanas, o mercado previa um crescimento significativamente menor para este ano, de 5,60%. Este ritmo intenso da atividade econômica, na avaliação dos economistas do mercado, continua pressionando a inflação e justifica um aperto ainda maior dos juros, que subiriam por mais tempo em 2011 do que até agora projetado.

A expectativa média sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas de inflação) em 2010 subiram de 5,42% para 5,50%, pela 16asemana seguida, distanciando-se cada vez mais do centro do objetivo perseguido pelo governo (4,5%).

Para 2011, elas permanecem em 4,80%. Os analistas acreditam que o crescimento da demanda é maior do que o da oferta e, por isso, acaba gerando pressões nos preços.

O próprio BC, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada semana passada, deixou claro acreditar que a inflação atual tem origem no maior consumo. Por isso, os economistas apostam em mais altas nos juros básicos, hoje em 9,50% ao ano. Para a Selic, segundo o Focus, as contas deste ano estão em 11,75% previsão estável há duas semanas , mas para 2011 as estimativas passaram de 11,25% para 11,50%.

O Focus também mostrou que os especialistas ampliaram as projeções para a produção industrial, cujo crescimento estimado neste ano passou de 9,54% para 10,30%. Para 2011, as previsões ficaram estáveis em 5%.

Apesar da crise europeia, que deve afetar o consumo no continente, o mercado brasileiro ampliou as contas sobre o saldo da balança comercial este ano, com superávit passando de US$ 12,24 bilhões para US$ 13 bilhões. Para o próximo ano, as estimativas permaneceram em US$ 5 bilhões.