Título: Ricos se unem para conter crise
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 08/05/2010, Economia, p. 31

Após perda de US$ 3 tri nas bolsas, Obama promete apoio a Europa e G-7 tem reunião emergencial

Depois de três dias de pânico nos mercados, período no qual as principais bolsas mundiais perderam quase US$ 3 trilhões em valor de mercado, Estados Unidos e Europa afinaram ontem os discursos em busca de uma atuação conjunta para combater a crise grega e evitar o risco de contágio global. Em conversa telefônica, o presidente americano, Barack Obama, prometeu à chanceler alemã, Angela Merkel, apoiar os esforços europeus e cobrou ¿uma forte resposta financeira da comunidade internacional¿ para estancar a turbulência. Anteontem, a Bolsa de Nova York chegou a cair mais de 9%, influenciada entre outros fatores por incertezas sobre o impacto da situação da Grécia sobre a economia mundial.

A turbulência nos mercados, que ontem voltaram a fechar no vermelho, também levou os ministros de Finanças do G-7 (que reúne os sete países mais industrializados do mundo) a convocarem uma teleconferência de emergência para debater a crise. Paralelamente, líderes da zona do euro se reuniram em Bruxelas para acertar detalhes finais sobre o socorro bilionário à Grécia. Ontem mesmo houve uma corrida dos países da União Europeia (UE) para aprovar sua parcela no resgate. Seis nações, entre elas Alemanha e França, deram o aval a um total de C 70,2 bilhões do pacote de C 110 bilhões acertado entre a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI) domingo passado.

¿ Concordamos sobre a importância de uma resposta política forte dos países afetados, bem como uma resposta financeira forte da comunidade internacional ¿ disse Obama a respeito de sua conversa com Merkel. ¿ Deixei claro que os EUA apoiam esses esforços e vão continuar a cooperar com as autoridades europeias e com o FMI.

Bolsas europeias caem até 4,6%

Entre segunda-feira e anteontem, as principais bolsas mundiais perderam perto de US$ 3 trilhões em valor de mercado, segundo a Bloomberg: a capitalização desses mercados recuou de US$ 47,125 trilhões para US$ 44,198 trilhões.

E ontem o dia foi de novas perdas nos mercados globais. Mesmo com os bons números sobre emprego nos EUA ¿ foram criadas 290 mil vagas em abril ¿, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, recuou 1,33%.

No Brasil, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa de 0,86%, aos 62.870 pontos. O dólar comercial ficou estável, a R$ 1,851. Na Europa, as principais praças fecharam em queda, com Paris liderando as perdas (-4,6%). Madri recuou 3,28% e Atenas, 2,86%. O euro caiu 0,77%, para US$ 1,2730.

Os sucessivos dias de queda nas bolsas acenderam o alerta entre os países do G-7. De acordo com o ¿Wall Street Journal¿, as economias avançadas perceberam que a aprovação do socorro à Grécia não foi considerada suficiente para afastar o risco de contágio a países de maior porte, como Espanha e Portugal. Daí a teleconferência dos ministros do grupo: ¿ Os mercados julgaram que aqueles acertos (o pacote acertado entre UE e FMI) são inadequados ¿ disse ao jornal britânico ¿Guardian¿ o primeiroministro da Austrália, Kevin Rudd.

Zona do euro pede mais regulação

A teleconferência dos ministros do G-7 não produziu qualquer documento final. Apenas reiterou-se o compromisso de que o grupo ¿continuará a vigiar a situação de perto¿, disse o ministro de Finanças do Reino Unido, Alistair Darling.

Em Bruxelas, os líderes da zona do euro afirmaram que a consolidação das finanças públicas é uma prioridade, de acordo com esboço da declaração final obtida pela agência de notícias Reuters.

A cúpula, que havia sido convocada há cinco dias para acertar detalhes do pacote de resgate à Grécia, também discutiu a necessidade de maior regulação financeira.

¿ Temos que acelerar a regulação dos mercados financeiros. O tempo está passando, isso tem que acontecer rápido ¿ disse Merkel.

As conversas do grupo seguem no fim de semana.

(*) Com agências internacionais