Título: Congresso descarta recesso na Copa
Autor: Braga, Isabel; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 12/05/2010, O País, p. 4

Para oposição, proposta de governista tenta impedir votações polêmicas

BRASÍLIA. Os presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do Senado, José Sarney( PMDB-AP), descartaram a possibilidade de o Congresso antecipar o recesso parlamentar de julho, entrando em recesso branco a partir de 10 de junho, por causa da Copa do Mundo.

Para a oposição, o governo tenta impedir votações polêmicas, como o reajuste dos aposentados e o fim do fator previdenciário.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), insistiu no recesso branco.

Compreendo as razões do líder Vaccarezza, ele atentou para uma realidade patriótica, a Copa do Mundo, mas é absolutamente inviável. Vamos trabalhar regularmente até o recesso formal, em metade de julho. Não tem condições para discutir esse assunto disse Temer.

Oficialmente, o recesso começa no dia 18 de julho e dura 15 dias. Os parlamentares só entram em recesso se aprovarem a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano seguinte. O presidente do Senado, José Sarney, concordou com Temer: O conceito de férias se aplica de forma diferente aos parlamentares.

Não temos férias, temos atividades legislativas e políticas durante todo ano.

Mesmo com a reação contrária, Vaccarezza insistiu que a ideia é concentrar as votações e garantir que elas ocorram.

Não gosto de hipocrisia.

Os deputados podem até estar em Brasília na semana do dia 15 (primeiro jogo do Brasil na Copa), mas não vai ter votação. Os brasileiros vão torcer para o Brasil e o parlamentar é também brasileiro disse Vaccarezza.

Aliados reagiram: Cansei se assistir jogo aqui. Os jogos do Brasil serão na terça-feira, na sexta e no domingo.

Ele foi infeliz, mas não agiu de má-fé disse o líder do PMDB, Henrique Alves (RN).

Em junho, os deputados estarão envolvidos com as convenções que definirão os candidatos e com as festas juninas, que costumam atrapalhar votações.