Título: Entre principais moedas, real caiu mais
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 08/05/2010, Economia, p. 32

Em 4 dias, queda frente ao dólar foi de 6,4%. Bolsa teve pior semana em 1 ano

RIO, NOVA YORK e MADRI. Entre as principais moedas do mundo, o real foi uma das que mais se desvalorizou em relação ao dólar nos últimos quatro dias, período em que o aumento da aversão ao risco provocou forte turbulência nos mercados mundiais e levou a uma corrida de investidores para a divisa americana.

O real recuou 6,43% frente ao dólar, perda maior que a do euro (-3,33%) e superior à de moedas de outros emergentes, como peso chileno (-2,69%) e dólar australiano (-4,11%). Porém, o real foi também uma das divisas que mais tinham se valorizado no ano passado.

Segundo Luciano Rostagno, da CM Capital Market, dois fatores provocaram a queda mais acentuada do real: sua forte correlação com as commodities ¿ que recuaram para mínimas do ano nesta semana ¿ e a troca de apostas de estrangeiros no mercado de dólar futuro, que passaram de ¿vendidos¿ (que apostam na alta do real) para ¿comprados¿ (na alta do dólar).

¿ Os fatores têm uma influência direta no preço do dólar comercial ¿ afirma.

Ontem, o dólar interrompeu a disparada frente ao real e fechou estável, a R$ 1,851. Segundo analistas, houve uma correção em relação ao avanço da moeda ao longo da semana, que foi considerada exagerada.

Além disso, segundo Luiz Eduardo Portella, operador de câmbio do banco Modal, exportadores brasileiros aproveitaram a alta da semana para trazer ao país dólares que mantêm no exterior, ajudando a segurar as cotações. Pela manhã, o dólar chegou a cair 1,35%, para a mínima de R$ 1,826.

¿ Mas a tendência segue de valorização ¿ diz Portella.

EUA abrem 290 mil vagas.

Espanha sai da recessão A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou ontem sua pior semana em mais de um ano, com uma queda acumulada de 6,90%, a maior desde fevereiro de 2009. O dia foi de volatilidade, com os investidores acompanhando os desdobramentos da crise grega. O Índice Bovespa (Ibovespa) chegou a cair 2,76%, mas depois recuperou parte das perdas e fechou em queda de 0,81%, acompanhando os mercados americanos.

A queda na Bolsa ocorreu apesar de bons indicadores da economia americana e de crescimento da Espanha divulgados ontem. Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, a economia gerou 290 mil postos de trabalho em abril. Foi o quarto mês seguido de criação de empregos, o maior ritmo desde março de 2006. Os números de fevereiro e março foram revisados para melhor: 230 mil vagas e 39 mil vagas criadas, respectivamente.

Já a taxa de desemprego subiu para 9,9% no mês passado, resultado do aumento da força de trabalho. Em março, estava em 9,7% Já o Banco da Espanha informou que a economia do país voltou a crescer, avançando 0,1% no primeiro trimestre e encerrando o ciclo de recessão, que já durava sete trimestres.

Ontem, o risco-país do Brasil caiu 4%, para 239 pontos centesimais.

Nos últimos 30 dias, porém, acumula alta de 40%.

Porém, o economista Paulo Rabello de Castro, presidente da SR Rating, acredita que o indicador ainda está dento da média.

COLABOROU Bruno Rosa, com agências internacionais