Título: No caso das passagens, mais dois inocentados
Autor: Braga, Isabel; Góis, Chico de
Fonte: O Globo, 13/05/2010, O País, p. 3

Câmara arquiva investigações

BRASÍLIA. Engavetado desde o ano passado, o relatório que pede a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Paulo Roberto (PTB-RS) foi aprovado ontem pela Mesa Diretora da Casa. O deputado foi investigado por suposta participação na chamada máfia das passagens - venda de passagens aéreas das cotas dos deputados - mas a Mesa decidiu encaminhá-lo ao Conselho de Ética porque encontrou indícios de outras práticas irregulares, como a contratação de funcionários fantasmas. No caso das passagens, ele foi inocentado. A comissão de sindicância da Corregedoria encontrou indícios de que Paulo Roberto retinha parte dos salários de funcionários que contratava. O parecer pelo encaminhamento de Paulo Roberto ao Conselho de Ética foi apresentado no ano passado, mas o pedido de vista do quarto-secretário, Nelson Marquezelli (PTB-SP), impediu a análise. Ontem, Marquezelli foi a único a votar contra a decisão. A comissão não constatou o envolvimento de Paulo Roberto no esquema da venda de passagens aéreas da cota da Câmara, e de nenhum outro deputado investigado. Na mesma reunião da Mesa foi arquivada a sindicância sobre passagens contra o deputado Paulo Bauer (PSDB-SC). No caso de Paulo Roberto, denúncias de contratação irregular de funcionários e retenção de parte dos salários foram feitas por Luiz Gustavo Nogueira, chefe de gabinete do deputado e apontado como responsável pela venda das cotas de passagens do gabinete do parlamentar. Nogueira contou que teria sido dispensado, a pedido, do gabinete de Paulo Roberto, mas continuava trabalhando informalmente, enquanto dois de seus filhos foram contratados, mas não trabalhavam. Os salários de R$8 mil e R$3 mil dos funcionários fantasmas eram rateados com o parlamentar, segundo a denúncia. Já o chefe de gabinete aparentemente trabalhava sem salário, operando o esquema das passagens.