Título: Sete meses em queda
Autor: Rocha, Carla; Gares, Débora
Fonte: O Globo, 13/05/2010, Rio, p. 16

Estatística mostra que, de setembro a março, houve menos 529 homicídios no estado

Os dados revelam também que a influência das Unidades de Polícia Pacificadora pode ser grande na queda dos indicadores de violência. Pelo segundo mês consecutivo, Copacabana, com três UPPs, não teve homicídios. O mesmo aconteceu na Tijuca que, apenas com o anúncio da instalação da UPP no Morro do Borel, sentiu os efeitos do novo policiamento: depois de registrar quatro assassinatos em fevereiro, não teve nenhum caso em março. O mês de março, de forma geral, traz boas novas. O fenômeno da queda dos homicídios se repete em outros indicadores. Os roubos de veículo, por exemplo, tiveram um recuo de 20,4% em março deste ano, quando foram contabilizadas 2.041 ocorrências, contra 2.564 no ano passado. A redução é ainda mais acentuada se considerados os primeiros três meses do ano: queda de 23,7% (ou menos 1.778 casos). Foram 5.726 roubos registrados no primeiro trimestre deste ano e 7.504 no ano passado. Os roubos de rua (que incluem transeuntes, celulares e coletivos) diminuiram em 10,4% em março deste ano (7.524 casos). Em 2009, foram 8.394 registros. Mais uma vez, a queda é maior se considerado o trimestre: 13,9%. Os latrocínios também caíram: houve menos 14 vítimas. Em março deste ano, foram 16 vítimas deste tipo de delito e, no mesmo mês do ano passado, foram registrados 30 casos.

Cinco mil motos foram apreendidas

A influência das novas UPPs sobre os indicadores de criminalidade parecem ser mais claras em Copacabana. Além da ausência de homicídios, o bairro, que tem três unidades - no Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, na Ladeira dos Tabajaras e Cabritos e, no Leme, no Chapéu Mangueira e Babilônia - , não teve sequer um roubo de carro registrado no mês de março. Na área da Tijuca, os roubos de veículos despencaram em relação a março de 2009: foram 60 casos, quase 160% a menos. No ano passado, foram 167 roubos. O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse, porém, que ainda não é hora de comemoração: - Difícil fazer uma análise definitiva considerando apenas um mês. Em termos relativos, foi bom; em termos absolutos, o Rio ainda tem muito o que melhorar. O importante é o rumo. Precisamos amadurecer os principais projetos da secretaria - afirmou Beltrame. - Hoje, as polícias têm metas a perseguir, o Rio ganhou uma das maiores, senão a maior, divisão de homicídios do país, as UPPs evoluíram. Beltrame também citou como um fator que contribuiu para o resultado positivo a Operação Duas Rodas, que visa coibir crimes com motos: - A operação retirou mais de 5 mil motos irregulares de circulação. Moto é o veículo do crime. Não aparece, mas é importante também. Se somarmos tudo isso, os resultados começam a aparecer. Mas é uma longa caminhada. Para a pesquisadora Sílvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Candido Mendes, o resultado deriva de uma combinação de fatores: - Os números mostram a melhora da gestão da segurança pública. Há maior integração entre as polícias Civil e Militar, maior cobrança por resultados e investimento num policiamento dirigido para áreas mais frágeis. Coordenador do Laboratório de Análises da Violência da Uerj, o sociólogo Ignácio Cano ressaltou para o "RJ-TV" da TV Globo que a diminuição dos índices de violência no estado acompanha uma tendência nacional: - Nós temos, pela primeira vez nos últimos anos, uma diminuição dos homicídios no Brasil inteiro. Temos uma situação econômica favorável, com diminuição da pobreza e da desigualdade. O quadro geral convida a um certo otimismo moderado. Os índices de outros estados já atingiram resultados positivos. Para atingir as metas estabelecidas para este semestre a equipe de segurança quer pôr um freio em delitos considerados estratégicos, reduzindo em pelo menos 6,33% os homicídios dolosos, em 4,37% os roubos de veículos, e em 4,22% os roubos de rua.