Título: BC comprou semana passada US$ 3,3 bi, mais do que em todo o mês de abril
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 13/05/2010, Economia, p. 24
Em apenas um dia, reservas internacionais aumentaram em US$ 1,45 bi
BRASÍLIA e RIO. Com a piora do cenário na Europa, que trouxe instabilidade ao mercado de câmbio e, ao mesmo tempo, a entrada líquida do maior volume de recursos desde novembro de 2009, o Banco Central (BC) acelerou bastante o volume de compra de dólares na semana passada. As aquisições no mercado à vista somaram US$ 3,383 bilhões entre os dias 3 e 7, mais do que todo o mês de abril (US$ 3,027 bilhões). A ação do BC ocorreu devido às mudanças bruscas na cotação da moeda, que, na semana passada, saiu da casa de R$ 1,70 e se aproximou de R$ 1,90. Só em 3 de maio, quando o BC fez dois leilões de compra, as reservas internacionais aumentaram em US$ 1,453 bilhão. Já no fim da semana as intervenções diárias não passaram de US$ 150 milhões, patamar que, segundo especialistas, não deve ter variado muito nos últimos dias. A despeito da entrada firme de recursos, a desvalorização do real se deveu ao fortalecimento global do dólar frente a outras moedas, sobretudo o euro, com a preocupação sobre as economias europeias. Além disso, muitos investidores no Brasil passaram a apostar na alta do dólar no mercado futuro, o que influenciou a cotação à vista. Mesmo com os temores externos, os investidores estrangeiros continuaram trazendo recursos para o Brasil, levando ao maior fluxo cambial movimento de entrada e saída de moedas no país em cinco meses. Na semana passada, segundo o BC, o saldo ficou positivo em US$ 3,711 bilhões, atrás só de novembro, com US$ 3,890 bilhões. No ano, o superávit é de US$ 8,748 bilhões. Com a forte entrada de recursos, a conta comercial teve superávit de US$ 2,632 bilhões na semana passada, com exportações de US$ 5,093 bilhões e importações de US$ 2,460 bilhões. A subida do dólar fez muitos exportadores aproveitarem para fechar seus contratos de câmbio e ganhar mais. Para especialistas, o cenário melhorou, mas a entrada de dólares continua intensa. Estamos vendo ingressos fortes para especular, com investidor que busca mais rendimentos. Os títulos brasileiros pagam bem e vão pagar ainda melhor disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, referindo-se à Taxa Selic, hoje a 9,50% ao ano e com expectativa de alta. Espanha e Petrobras fazem Bolsa de SP subir 1,24% Puxada pelo pacote espanhol, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuperou-se ontem e avançou 1,24%, aos 65.223 pontos. Mas volume financeiro ficou em R$ 5,3 bilhões, abaixo da média de R$ 7,082 bilhões por dia em maio, recorde histórico, segundo a Economática. O dólar comercial caiu 0,56%, a R$ 1,773. Segundo analistas, a alta das ações da Petrobras, que divulga o balanço amanhã, contribuiu. Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) e ordinários (ON, com voto) avançaram 0,95% e 1,01%, respectivamente. Além disso, a Agência Nacional de Petróleo informou, a uma hora do fim do pregão, que o poço Franco, na área do pré-sal da Bacia de Santos, teria reservas de 4,5 bilhões de barris. E a Standard & Poors reduziu a classificação de crédito da TAM na escala global, de BBrdquo; para B+, e na escala nacional, de brA para brBBB+, com perspectiva estável. A agência citou, entre outros, o alto endividamento de curto prazo da TAM. No mercado internacional, o ouro avançou ontem 1,87%, a US$ 1.243,10 a onça-troy (30,1g), depois de atingir a máxima de US$ 1.250 durante o dia.