Título: Wider diz que polícia pressionou funcionário
Autor:
Fonte: O Globo, 18/05/2010, O País, p. 3

Corregedor afastado nega envolvimento e afirma que técnico vai desmentir depoimento

O desembargador Roberto Wider considerou uma absoluta mentira a investigação que aponta o seu envolvimento com a falsificação do email. Wider disse que o técnico Thiago da Silva, acusado de cometer a fraude a seu pedido, iria ontem mesmo esclarecer o caso à Corregedoria ou à Ouvidoria de Polícia, na companhia de um advogado: Não existe nada de real nisso. Vai ter um desmentido dele hoje. Ex-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio e corregedor-geral do TJ, afastado do cargo, Wider disse que o conteúdo dos e-mails falsos se referia a dois casos publicados nos jornais a anulação do concurso para notários do Rio e uma autorização do presidente do TJ, Luiz Zveiter, para a construção de prédios em Niterói. Segundo o desembargador, Thiago teria sido pressionado a prestar o depoimento. Wider disse que o juiz Murilo Kieling, auxiliar da presidência do Tribunal e marido da delegada do caso, teria levado o rapaz, após o expediente, para uma sala do TJ. Em seguida, a delegada Helen Sardenberg teria chegado ao local armada e com outros policiais, levando Thiago para a delegacia sem ordem de prisão. A delegada, segundo Wider, impôs os termos do depoimento e teria obrigado o técnico a assinar um documento em branco. Não tenho nada contra o Chico Otavio e o presidente Zveiter. Estou apenas afastado e me defendendo. O rapaz é humilde e muito bom no trabalho dele. Pegaram o garoto assustadíssimo, chorando disse Wider. O desembargador disse que, como os demais colegas, também recebeu um dos e-mails falsos e o deletou. Acho que esse fato foi montado para me criar mais problemas dentro do Tribunal. Não sou burro de fazer isso. Além do mais, o rapaz é muito bom. Não acredito que ele faria isso disse. A delegada Helen Sardenberg, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), negou ontem qualquer tipo de coação ou manipulação no depoimento de Thiago da Silva. Segundo ela, o técnico de informática não foi detido. Ele foi convidado a prestar esclarecimentos, após o TJ e a chefia direta do rapaz terem sido avisados. E teria saído do Tribunal sem algemas, seguindo para a delegacia por livre e espontânea vontade: As declarações dele transcorreram de forma tranquila. Foi dada a opção para que ele conversasse com alguém, e ele falou com a mulher. Perguntado se queria um advogado, disse que, no momento, não conhecia ninguém. Foi um depoimento longo. Reduzimos a declaração dele a termos. Ele leu e assinou. Depois, inclusive, demos carona a ele para casa. O juiz Murilo Kieling disse que desconhece o conteúdo da investigação. Segundo ele, a delegada apenas pediu para que ele localizasse o funcionário da empresa de consultoria do Tribunal, rastreado pela interceptação telefônica, que até então não se sabia que tipo de atuação ele tinha no Tribunal. Murilo disse que pediu ao rapaz que aguardasse a chegada da polícia. Procurado, Zveiter, presidente do TJ, não quis comentar o caso ontem.