Título: Petista tenta evitar erros sobre economia
Autor: Alvarez, Regina; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 16/05/2010, O País, p. 10
Para isso, seguirá também o estilo do presidente Lula
Tanto esforço para transmitir confiança é porque Dilma não quer errar, como aconteceu com o deslize de José Serra ao dizer que o Banco Central não é a Santa Sé, o que levantou dúvidas em setores do mercado financeiro. Para justificar essa nova posição, depois de ter combatido Henrique Meirelles por causa da redução tímida de juros, Dilma deverá adotar o mesmo figurino do presidente Lula, estimulando o debate e até mesmo as divergências internas para tomar suas posições.
Quem deu a linha verdadeira do governo não foi o Palocci e nem os desenvolvimentistas.
Mas sim o Lula. Ele sempre foi pragmático e sabe arbitrar as diferenças. A Dilma não vai para o lugar em que a Dilma estava no governo. Quando traz o Palocci para o seu lado e defende a autonomia do BC, Dilma deixa claro que vai para o lugar em que o Lula está diz o líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), candidato ao governo de São Paulo.
A Dilma é uma mulher de esquerda, mas o governo não vai ser de esquerda. Tudo vai depender da dinâmica da realidade.
O que vai definir sua política serão as circunstâncias reais da economia. Haverá momentos em que vai poder ser mais desenvolvimentista e pôr o pé no acelerador. Mas haverá momentos em que isso não será possível argumenta o presidente do PT, José Eduardo Dutra, coordenador da campanha.
Para analista, atuação do BC mudará com Serra ou Dilma
Na opinião do economista Amir Khair, especialista em finanças públicas com trânsito no PT, independentemente de quem vença a eleição, José Serra ou Dilma Rousseff, haverá uma mudança substancial na forma de o Banco Central atuar.
Ele é um crítico dos juros altos e acha que a política monetária atual não se sustenta no próximo governo: O Lula não vai mexer no BC. Está convencido de que o Meireles tem razão, não quer inflação e acha que o BC controla a inflação. Já com Serra ou com Dilma haverá uma mudança substancial no BC. Não terá a compartimentagem que tem hoje.
O BC não vai nadar de braçada.
Hoje não tem política integrada; não existe equilíbrio entre a política monetária e a fiscal.
A Dilma vai seguir o Lula.
Ela não é nem Mantega e nem o Palocci. Dilma é pragmática como o presidente. Prova disso é que ela sempre foi desenvolvimentista, mas nunca você a viu criticar os juros afirma o líder do governo e coordenador da campanha, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
Num eventual governo Dilma, o nome mais influente na condução da economia não será Palocci, Meirelles e nem Mantega. Nos bastidores, ela nunca escondeu sua admiração e proximidade com o pensamento do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.