Título: Crítica de Meirelle no governo, Dilma muda tom
Autor: Alvarez, Regina; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 16/05/2010, O País, p. 10
Agora ela tenta vincular sua imagem à do presidente do BC e de Palocci para tranquilizar analistas de mercado
Crítica interna do conservadorismo da política monetária do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e expoente do grupo dos desenvolvimentistas nos sete anos em que foi ministra do governo Lula, a pré-candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, incorporou ao discurso de campanha uma postura pragmática na condução da política econômica.
Segundo os próprios aliados, o objetivo foi tranquilizar e dar segurança aos analistas de mercado financeiro e investidores.
A estratégia foi decidida pela coordenação de campanha para evitar especulações sobre um eventual risco-Dilma. O alerta interno foi feito pelo deputado Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda e integrante do comando da campanha petista, que lembrou das dificuldades enfrentadas na campanha de 2002, quando o PT teve que fazer a Carta aos Brasileiros para afastar o chamado risco-Lula.
Apesar de o PT avaliar que a situação política e econômica atual é diferente da vivida na primeira eleição de Lula já que no governo o partido mostrou alto grau de confiabilidade , a campanha de Dilma tenta evitar qualquer tipo de turbulência e insegurança. Por isso, tem procurado vincular sua imagem à de Meirelles e à do próprio Palocci, este fiador da estabilidade econômica nos primeiros anos do governo Lula. Curiosamente, eles foram integrantes do governo que Dilma combateu nos bastidores, quando ministra.
Faz parte dessa estratégia a ida de Dilma a Nova York, na quinta-feira, para participar de jantar em homenagem a Meirelles e ter encontro com banqueiros e investidores. Vai garantir que não haverá mudanças no rumo da economia, caso seja eleita. A coordenação de campanha decidiu reforçar o perfil de responsabilidade econômica de Dilma na semana em que o précandidato tucano, José Serra, criticou a resistência do Copom em baixar os juros diante da crise financeira internacional.