Título: Ano que vem podemos discutir outra contribuição
Autor: Lima, Maria; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 18/05/2010, O País, p. 9

Líder do governo diz que ano eleitoral não é adequado para falar em criar novo tributo para substituir a CPMF

BRASÍLIA. Governistas e integrantes da coordenação da pré-campanha de Dilma Rousseff consideraram temerária sua declaração defendendo novas fontes de financiamento da saúde. Em entrevista à rádio CBN, ontem, ao lamentar o fim da CPMF, a petista sugeriu aumento de impostos para recompor as verbas para a saúde pública e defendeu a regul amentação da chamada Emenda 29, que prevê mais recursos para o setor. O líder do governo na Câmara e um dos coordenadores da campanha de Dilma, Cândido Vaccarezza (PT-SP), fez uma ginástica para dizer que fontes alternativas de financiamento da saúde vão ser debatidas no âmbito de uma ampla reforma tributária. Embora não tenha descartado uma nova contribuição, Vaccarezza disse que é um assunto proibido neste momento. Esse é um debate que não vamos discutir agora. Ano que vem podemos discutir a criação de outra contribuição. Não tem como regulamentar a Emenda 29 sem criar novas fontes de financiamento. Mas temos que ter muito cuidado. Como estamos vivendo um período eleitoral, qualquer coisa que se diga sobre isso agora, mesmo com a melhor das intenções, pode criar uma celeuma. Se ela disse, é um negócio perigoso, diz Chinaglia O ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP) defende com veemência a necessidade de regulamentação da Emenda 29, mas deixou claro que fala em seu nome. Médico e conhecedor do quadro da saúde pública no país, ele admite que é um tema espinhoso para defender em época de campanha. Se ela disse, é um negócio perigoso (em período pré-eleitoral). Mas, pessoalmente, eu acho que qualquer governante no Brasil não pode e não deve excluir fontes alternativas de financiamento da saúde da agenda de debates. Mas não falo isso pela Dilma, o Serra ou a Marina disse Chinaglia. Já oposição, que derrubou a CPMF em votação no Senado há mais de dois anos, rebateu o discurso de Dilma. Isso é um absurdo. A saúde precisa é de gerência e de impedir a corrupção, não de um novo imposto. Foi mais uma bola fora de Dilma disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), reagiu no mesmo tom: Essa é a visão do incompetente. Antes de defender um novo imposto, é preciso fazer uma avaliação se não existe uma forma de se gastar melhor os recursos que estão à disposição da saúde. Até porque a criação de novos impostos só resolve o problema imediato dos governantes de plantão. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) lembrou que o fim da CPMF não derrubou a arrecadação no país, por isso não se justifica a criação de novo imposto: É um desastre! Toda vez que ela (Dilma) abre a boca, o Brasil fica mais pobre alfinetou Demóstenes.