Título: EUA tacham anúncio de vago e mantêm planos de sanções
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Fonte: O Globo, 18/05/2010, O Mundo, p. 23

WASHINGTON e NOVA YORK. Como era o esperado, o entusiasmo do governo brasileiro com o acordo estabelecido com o Irã não foi partilhado pelos Estados Unidos. Ontem, os portavozes da Casa Branca e do Departamento de Estado uniram seus discursos para sublinhar o ceticismo de Washington em relação às intenções do presidente Mahmoud Ahmadinejad e ao programa nuclear iraniano. Os EUA afirmaram reconhecer os esforços empreendidos por Brasil e Turquia, mas classificaram o acordo de vago. A Casa Branca foi incisiva em afirmar que a iniciativa não determina a suspensão da política de aplicação de novas sanções ao Irã. Os Estados Unidos vão continuar a trabalhar com nossos parceiros internacionais e por meio do Conselho de Segurança da ONU para deixar claro ao governo iraniano que deve demonstrar por meio de ações e não apenas de palavras sua boa vontade em cumprir as obrigações internacionais ou enfrentar as consequências, incluindo sanções, diz o comunicado americano. O porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, não quis oficialmente descartar a via diplomática, mas também foi taxativo: Nossos esforços para as sanções na ONU continuam disse, em entrevista coletiva.

ONU pede garantias diante de falta de confiança no Irã

Num comunicado, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse ser um passo positivo o fato de o Irã ter aceitado a transferência de urânio levemente enriquecido ao exterior. Por outro lado, afirmou que a determinação de Teerã em continuar com o enriquecimento de urânio a 20% em território nacional é uma violação direta das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou encorajador e muito bem-vindo o esforço, mas lembrou que será preciso fazer mais porque o Conselho de Segurança já aprovou cinco resoluções pedindo a suspensão do programa de enriquecimento de urânio daquele país, o que até agora não ocorreu. Ban pretende aguardar o prazo de uma semana, pedido pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para analisar os detalhes do acordo, mas já incluiu o tema na agenda de conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita ao Brasil, marcada para os dias 28 e 29 deste mês. Existe falta de confiança no Irã e por isto o país deveria adotar medidas para provar que seu programa nuclear é exclusivamente para fins pacíficos disse Ban Ki-moon em entrevista à Rede Globo.