Título: Ceticismo ronda acordo com Irã
Autor:
Fonte: O Globo, 18/05/2010, O Mundo, p. 23

País diz que acerto com Brasil e Turquia não inclui fim de enriquecimento próprio de urânio

Enquanto os presidentes de Brasil, Irã e Turquia comemoravam o acordo para o enriquecimento do urânio iraniano no exterior, as potências ocidentais reagiam com ceticismo, demonstrando que talvez o compromisso assinado em Teerã não seja suficiente para deter novas sanções. Entre a maioria dos membros do Conselho de Segurança da ONU que em última análise aprovam ou vetam as resoluções sérias dúvidas permaneciam quanto às intenções iranianas. Um dos primeiros a comentar foram os Estados Unidos, que viram o ato como um passo positivo, mas advertiram que isso ainda permitiria ao Irã continuar a enriquecer urânio a um nível que o Ocidente teme ser usado em arma nuclear e anunciando o avanço na discussão de novas sanções. O tom foi seguido pelo Reino Unido, que viu o acordo como uma tática para atrasar. A França lembrou que o compromisso não resolve questões fundamentais e, cautelosa, a Rússia manifestou preocupações. A China ainda não havia se manifestado. O acordo foi assinado na manhã de ontem pelos chanceleres iraniano, Manouchehr Mottaki; o brasileiro, Celso Amorim; e o turco, Ahmet Davutoglu, diante dos presidentes Mahmoud Ahmadinejad, Luiz Inácio Lula da Silva e do premier da Turquia, Tayyip Erdogan. Ele determina que o Irã transfira à Turquia 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3,5%. Em troca, receberá em um ano 120 quilos de urânio a 20% nível bem abaixo dos 90% usados para armas. Ahmadinejad convidou os membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China) e Alemanha a novas negociações. Mas, no mesmo dia, o país anunciou que continuará a enriquecer o minério a 20%. Não há relação entre o acordo de troca e nossas atividades de enriquecimento disse Ali Akbar Salehi, chefe da Organização de Energia Atômica do Irã.