Título: Governo tailandês aperta cerco a manifestantes
Autor: Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 18/05/2010, O Mundo, p. 25

Violência na capital do país leva ao fechamento de embaixadas, entre elas a do Brasil

BANGCOC e BRASÍLIA. Em mais um dia de violência, manifestantes tailandeses ignoraram ontem as ordens do governo para desocupar o seu acampamento no centro de Bangcoc, enquanto soldados reforçavam o cordão de isolamento em torno da área. Os distúrbios na região já deixaram 37 mortos desde quinta-feira e obrigaram o fechamento da Embaixada do Brasil na capital. Os cerca de cinco mil manifestantes concentrados num elegante bairro comercial de Bangcoc tinham até 15h de ontem (8h em Brasília) para deixarem o acampamento, sob pena de processo judicial. Vamos continuar passando esses alertas aos manifestantes e vamos lentamente ampliar a pressão se eles não saírem disse Thawil Pliensee, secretário-geral do Conselho Nacional de Segurança.

Famílias brasileiras deixam suas casas

O governo tailandês exige o fim dos protestos antes de negociar com os Camisas Vermelhas, seguidores do ex-premier Thaksin Shinawatra que pedem eleições imediatas. No domingo, manifestantes propuseram um cessar-fogo e negociações sob mediação da ONU, mas a exigência foi rejeitada pelo governo. Ontem, os Camisas Vermelhas disseram que aceitariam o diálogo desde que as tropas se retirassem e um árbitro neutro fosse chamado. Por conta da violência, o início do período letivo foi adiado e foi decretado feriado até hoje na capital. Fechada desde sexta-feira depois de um homem morrer a poucos metros de sua porta principal, a Embaixada do Brasil está no centro dos conflitos. Tivemos que deixar a embaixada porque a situação ficou crítica. Os manifestantes têm queimado pneus, ateado fogo em ônibus e até carros-tanque. Tem tido tiroteios em várias partes da cidade. Um grupo jogou uma granada contra um centro habitacional da polícia contou o encarregado de Negócios da embaixada, Matias Vilhena. Pelo menos seis famílias brasileiras saíram de casa e procuraram abrigo em hotéis e casas de amigos por causa dos conflitos. Além da representação brasileira, foram fechadas as embaixadas dos EUA, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Bélgica, Suíça, Finlândia, México e Chile. Segundo o brasileiro, a recomendação é que turistas não fiquem em Bangcoc ou nas 21 províncias sob estado de emergência. Somente o sul do país, região famosa pelas praias, está livre dos conflitos.