Título: Reino Unido corta salário de ministros em 5%
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Fonte: O Globo, 14/05/2010, Economia, p. 29

Novo premier adota medida para tentar reduzir déficit, atualmente de 163 bilhões de libras

O PREMIER britânico, David Cameron, na primeira reunião do gabinete

LONDRES e BERLIM. O Reino Unido entrou no time dos países europeus que decidiram adotar medidas de austeridade. Na primeira reunião de seu gabinete, o novo primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, anunciou um corte de 5% ¿ e posterior congelamento, por cinco anos ¿ nos salários de seu ministério.

Com isso, o salário anual do próprio Cameron ficará em 142.500 libras, ou 7.500 libras abaixo das 150 mil libras que seu antecessor, Gordon Brown, recebia ao deixar o cargo. O salário dos demais membros do gabinete será reduzido de 141.647 libras para 134.565 libras.

O governo espera, com essa medida, poupar 300 mil libras este ano e cerca de 3 milhões de libras no atual mandado do Parlamento. O diário de negócios ¿Financial Times¿ considerou a quantia pequena, mas ressaltou que o que importava era o simbolismo da medida. Na reunião, Cameron disse que queria mostrar seu compromisso com a redução do déficit britânico, atualmente em 163 bilhões de libras.

De acordo com o jornal britânico ¿The Times¿, uma das razões para a decisão do premier foi a divulgação de uma pesquisa feita com economistas apontando como inevitável uma alta do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) ¿ o que, durante sua campanha, Cameron prometeu que não faria. O corte de salários seria uma forma de reduzir o déficit do país sem subir impostos.

O diretor-executivo da rede de supermercados Sainsbury, Justin King, disse ontem, ao apresentar os resultados do grupo, que estava certo de que o governo pretendia elevar o IVA de 17,5% para 20%. Ele afirmou que isso iria prejudicar as vendas do varejo.

Merkel: crise do euro representa risco para Europa

Mais cedo, o novo secretário de Saúde, Andrew Lansley, alertara para cortes na sua área. Segundo o ¿Financial Times¿, ele afirmou que os gastos da saúde não poderão continuar a crescer na mesma proporção que no governo trabalhista, entre 6% e 7%.

Enquanto isso, o novo secretário de Cultura, Jeremy Hunt, disse à rede BBC que nenhuma parte de seu orçamento está segura, nem mesmo os recursos destinados às Olimpíadas de 2012.

A atual crise do euro é um teste para a União Europeia (UE), afirmou ontem a chanceler alemã, Angela Merkel. Ela disse ainda que a moeda única do bloco precisa ser defendida.

¿ A crise do futuro do euro não é só uma crise, é o maior teste que a Europa enfrentou desde 1990, senão nos 35 anos anteriores ¿ disse Merkel em discurso televisionado pela rede WDR. ¿ Esse teste é existencial. E precisa ser vencido.

Merkel ressaltou que a atual crise é uma oportunidade para fazer mudanças e obter unidade política e econômica.

¿ Se o euro fracassa, não fracassa somente a moeda, fracassam mais coisas, a Europa fracassa, fracassa a ideia de unidade europeia.

Já o diretor-executivo do Deutsche Bank, Josef Ackermann, disse em entrevista à rede ZDF duvidar que a Grécia consiga pagar sua dívida. Ele afirmou que um esforço desses por parte do governo grego iria requerer ¿esforços inimagináveis¿.