Título: Dilma mostra desconforto em palanque duplo
Autor: Talento, Biaggio
Fonte: O Globo, 17/05/2010, O País, p. 4

ELEIÇÕES 2010: "A tendência é que eu participe dos dois palanques, mas ainda não está decidido", diz a petista

Após encontro com governador Jaques Wagner, do PT, pré-candidata é cobrada sobre apoio ao PMDB na Bahia

SALVADOR e BRASÍLIA. A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, mostrou ontem, em Salvador, que enfrentará muita dificuldade para se equilibrar em estados onde terá dois palanques de candidatos a governador. Dilma participou do encontro do PT que confirmou o nome do governador da Bahia, Jaques Wagner, como candidato à reeleição. E teve de responder se também subirá no palanque do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), adversário de Jaques Wagner. Dilma acabou deixando a situação em aberto.

- A tendência é que eu participe dos dois palanques, mas isso ainda não está decidido, pois não está concluído o processo das alianças que sustentarão o projeto que represento. O presidente Lula é outra questão - disse Dilma, explicando que decidirá o que fazer "quando os partidos apresentarem e definirem seu apoio à minha pré-candidatura".

Dilma disse não estar preocupada com a demora do PMDB em anunciar oficialmente o apoio à sua candidatura.

- Temos que respeitar o fato de que cada partido tem seu tempo. Esse é um caso que vai resultar numa solução mais madura. A informação que tenho é que a executiva do PMDB se reúne terça-feira, quando veremos o resultado. E marcaram a convenção para o dia 12 de junho.

Ao ser questionada se essa dubiedade não poderia confundir o eleitor da Bahia, Dilma ponderou que, para uma tomada de decisão, "tudo isso será considerado". A dificuldade de Dilma se revelou até quando ela repassou a Wagner um recado do presidente Lula.

- Ele (Lula) me disse: "Cê vai lá no Jaques? Dá a ele um grande abraço e a certeza de que eu estou com ele" - disse ela, sendo interrompida por um repórter que queria saber se também havia recado para Geddel.

- Ele também tem apreço pelo Geddel - acomodou.

Dilma também tentou defender outro peemedebista, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que semana passada declarou que o Projeto Fica Limpa não é prioridade do governo:

- O governo tem muitas prioridades: o Ficha Limpa, saúde, educação, áreas delicadas da gestão pública, não tem uma só prioridade. Era isso o que o Jucá devia estar querendo dizer. Concordamos inteiramente que passando (o processo) por um órgão colegiado (o candidato) não pode ser eleito.

Ao discursar para cerca de mil militantes do PT, Dilma confirmou que é possível, na próxima década, "erradicar a pobreza extrema ou a miséria" no país:

- Não sei se vai ser em 2016 ou 2017, mas a meta de erradicar a miséria deste país é uma meta fundamental com a qual eu me comprometo, pois é a meta que o presidente Lula construiu nesses sete anos e meio.

A empresa responsável pela segurança de Dilma pode estar funcionando de maneira irregular em Brasília. O grupo CR 5 Brasil Segurança, de São Paulo, deveria ter se instalado na capital federal para prestar serviços a Dilma, segundo informou ontem reportagem do jornal "Folha de S.Paulo". A CR 5 não cumpre uma série de pré-requisitos, como ter filial em Brasília, com quadro de funcionários. O PT alegou que os serviços para a pré-campanha de Dilma são de responsabilidade do partido e não da candidata.