Título: País asiático usa mão de obra de presidiários
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 17/05/2010, Economia, p. 17

BRASÍLIA. Para vender bens e serviços a preços excessivamente baixos, a China patrocina o envio de centenas de milhares de presidiários que, para reduzirem as penas, trabalham em situações chocantes. É o que relatam empresários brasileiros que viajam à África a negócios.

- Os trabalhadores dormem em contêineres com uma cama para três pessoas. Como há três turnos, enquanto um operário dorme, os outros dois estão trabalhando - afirma Vinícius Poit, do setor de locação de equipamentos de infraestrutura.

Daniela Nóbrega, de uma trading que atua em Angola e Nigéria na construção civil, diz que os portos africanos recebem navios repletos de chineses.

- Muitos usam até o mesmo passaporte - afirma.

Para Bruno Bill, do segmento de autopeças, essa situação de baixos salários e câmbio apreciado impedem as relações comerciais com a África.

- Com o real valorizado frente ao dólar, não temos preço para competir com a China. Desistimos de entrar na África, inclusive no Oriente Médio.

Apesar das dificuldades, Poit lembrou que as empresas brasileiras contratam mão de obra local, e o português é falado em Angola e Moçambique:

- Os chineses estão passando como tratores, mas o Brasil é mais parceiro e querido. (E.O.)