Título: Brasil e Turquia querem vaga no P5+1
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 19/05/2010, O Mundo, p. 30
Garcia lembra que países estão no Conselho de Segurança, mas a Alemanha, não
MADRI. Ainda que alguns dos países mais poderosos do mundo pensem o contrário, Brasil e Turquia consideraram bem-sucedida a intermediação do acordo nuclear com o Irã. E consequentemente, consideram natural que o grupo de países hoje lidando mais diretamente com a questão, o P5+1, ganhe dois novos membros. Se os turcos ontem falaram mais por metáforas, o governo brasileiro deixou seu desejo explícito por intermédio do assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
É natural que os dois países sejam consultados. Queremos estar com os turcos porque o que os outros países não fizeram, nós fizemos. Nesse time do P5+1 faltam dois atacantes brincou Garcia, que esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cúpula dos líderes de União Europeia, América Latina e Caribe, em Madri.
O assessor ainda afirmou que a legitimidade da participação brasileira e turca também se justifica pelo que chamou de caráter informal das negociações, no sentido de a Alemanha, que participa do debate junto aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, não fazer parte formalmente do órgão atualmente.
Nós e a Turquia somos membros, ainda que provisórios.
Seria normal que participássemos de uma boa parte de futuras negociações. Antes não havia interlocutores, e sim ameaças. Com ameaças, os iranianos não queriam realizar coisa alguma. Os EUA precisam entender que um país como o Irã não vai se abater com sanções.
Se os EUA optarem pela sanção, vão se dar mal. Vão sofrer sanção moral e política disse.
Erdogan pressiona o Irã a cumprir o acordo Já o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse considerar que o Conselho de Segurança carece de credibilidade junto à comunidade internacional para lidar com o Irã porque seus integrantes exigem garantias do Irã ao mesmo tempo em que têm armas nucleares.
É fundamental que mostremos à comunidade internacional nosso desejo de usar a diplomacia como forma de resoluções de crises. Não podemos viver num regime em que prevaleça a lei da supremacia, mas sim a supremacia da lei.
O premier turco alegou ainda que a participação da Turquia nas negociações seria uma forma de incluir os poderes regionais em negociações que podem criar um clima de confiança no Oriente Médio.
Erdogan pediu ao mundo que apoie o acordo obtido, mas ressaltou que, se o Irã não enviar o urânio em um mês à Turquia, ficará sozinho