Título: Eletrobras quer investir em transmissão nos EUA
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 20/05/2010, Economia, p. 26

Empresa quer ter 10% do faturamento vindo do exterior em 10 anos e pretende operar também em países vizinhos

A Eletrobras está analisando o potencial energético de países vizinhos e dos Estados Unidos, onde pretende ingressar para crescer no exterior. A informação foi dada pelo superintendente de Operações no Exterior da estatal, Sinval Zaidan Gama, no 22° Fórum Nacional, no BNDES, no Rio. Estamos analisando a compra principalmente nos Estados Unidos, onde pensamos em comprar um empreendimento pequeno, não tão relevante, para que a gente conheça as regras, o mercado americano, para acompanharmos também as mudanças que o governo americano está propondo no setor. O governo (Obama) tem dito que vai investir US$ 60 bilhões em linhas de transmissão. Como sou uma das maiores empresas de transmissão do mundo, eu quero estar lá quando começarem essas concessões. E também estamos olhando oportunidades em geração de energia eólica, que também terá grande expansão. O executivo da Eletrobras contou que o objetivo do governo Obama é mudar a matriz energética do país e investir em grandes linhas de transmissão, algo que não existe atualmente porque o sistema elétrico americano é estadual e não há trocas entre as unidades da federação. Os planos da empresa no exterior incluem ainda construção e operação de linhas de transmissão no Uruguai, além da construção de uma hidrelétrica de US$ 600 milhões na Nicarágua, em parceira com a Queiroz Galvão. O nosso planejamento é que, em 2020, 10% do faturamento venham do exterior. Estamos estudando, fazendo inventários de viabilidade para que isso possa ocorrer em 2020 mdash; disse Sinval, após apresentar estudo mostrando que o Brasil tem um potencial hídrico total de 260 gigawatts (GW); o Peru tem potencial de 180 GW; a Colômbia, de 114,2GW; a Argentina, de 40,4GW; a Bolívia, de 20,3GW e a Guiana, de 7,5GW. O superintendente também afirmou que a entrada da estatal chinesa State Grid, que comprou pequenas empresas no país por R$ 3 bilhões, indica o surgimento de um novo grande competidor. Segundo ele, não só a Eletrobras mas as empresas privadas do setor devem ficar atentas para a nova concorrente: Os chineses estão entrando no Brasil, e isso significa que nós devemos abrir os nossos olhos. Há pouco dias tive reunião com eles, que queriam uma parceria em um outro país, e eu fui, com meus 50 mil quilômetros de transmissão que tinha aqui achando que era grande, chego lá e vejo que eles têm 500 mil quilômetros. Eles são gigantes. Ela é uma empresa grande, de muito capital, muita experiência, e faz com que todos nós, estatais ou privados, tenhamos alguém mordendo nossos calcanhares disse Gama