Título: Após 6 quedas seguidas, Bovespa sobe 3,55%
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 22/05/2010, Economia, p. 27

Segundo analistas, investidores aproveitaram para comprar ações mais baratas. No mês, Bolsa acumula queda de 10%

SÃO PAULO. A despeito da indefinição que ainda cerca o socorro financeiro a países da Europa, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em alta de 3,55%, interrompendo uma sequência de seis pregões de queda. Com o resultado, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, voltou a ficar acima dos 60.000 pontos (o que não acontecia desde o último dia 18): depois de oscilar entre a mínima de 57.996 e a máxima de 60.302, encerrou o dia em 60.259 pontos.

A reação não foi suficiente, porém, para anular as perdas acumuladas nas últimas semanas, com o agravamento da crise europeia. Na semana, o Ibovespa acumula queda de 4,97% e, no mês, de 10,77%. No ano, cai 12,14%.

A notícia de que o Parlamento da Alemanha aprovou ajuda do país ao pacote costurado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia ajudou a diminuir o descrédito entre os investidores. Mas o principal fator para a alta de ontem esteve ligado a um fator mais imediato e prático: depois de todas as quedas, o preço das ações na Bovespa teria ficado tentador para ser ignorado.

¿ Houve uma forte saída dos investidores, por causa da aversão ao risco. Mas, olhando a longo prazo, você não vê mudanças estruturais que comprometam o retorno proporcionado pelas empresas ¿ disse o gestor da Yield Capital Hersz Ferman.

Papéis da Vale têm valorização de 7,44% Para o gerente da Modal Asset, Eduardo Roche, o esforço do investidor também foi de distribuir melhor seu portfólio (ou ¿zerar posições¿, no jargão do mercado) para não ser pego desprevenido pelos desdobramentos da crise durante o fim de semana. Segundo ele, o pregão de ontem refletiu um ajuste técnico e não indica tendência de recuperação do índice.

¿ O mercado está muito overshotting (sem definição de preços), à espera do que vai sair na Europa.

Como aconteceu no pregão de quinta-feira, as ações de empresas construtoras voltaram a apresentar forte alta, na esteira das perspectivas de expansão do setor no mercado interno. Rossi subiu 6,78%, contra 6,86% de MRV e 7,21% de Gafisa. Com grande peso no Ibovespa, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Vale reagiu e fechou com valorização de 7,44% ¿ no melhor exemplo, segundo operadores, de alvo dos caçadores de pechinchas.

Em Nova York, o Dow Jones subiu 1,25% e o Nasdaq, de ações de empresas de tecnologia, teve alta de 1,14%.

Dólar tem dia volátil, mas fecha estável A recuperação dos negócios na Bovespa ajudou o dólar a fechar ontem sem alterações em relação a quinta-feira, depois de grande volatilidade durante o dia. A moeda americana chegou a ser cotada, para venda, entre R$ 1,846 e R$ 1,901 (maior preço desde 2 de setembro de 2009), para fechar em R$ 1,861.

Foi a primeira vez nos últimos sete dias que o dólar não apresentou valorização frente ao real. A alta acumulada na semana foi de 3,16%, alcançando 7,07% no mês.

¿ Enquanto a Europa não resolver seu problema, o mercado vai continuar volátil e caro ¿ afirmou o diretor da mesa de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel.