Título: NO RIO, ALUNOS SÃO REPROVADOS SÓ NO 3º ANO
Autor: Benevides, Carolina
Fonte: O Globo, 23/05/2010, O País, p. 14

Já na capital gaúcha, progressão automática nas escolas começou a vigorar em 1995

Desde 2009, as crianças matriculadas na rede municipal do Rio de Janeiro já convivem com o que o CNE vai recomendar para todo o país em 2011. No município, os alunos dos três primeiros anos são reprovados apenas ao final do terceiro ano. Não foi sempre assim. Em 2007, o então prefeito Cesar Maia assinou decreto instaurando a progressão automática em toda a rede. Ao assumir, em 2009, Eduardo Paes revogou o decreto em dois dos três ciclos do ensino fundamental.

¿ Reprovar não é solução para nada durante o processo de alfabetização. Nos outros anos, ter a possibilidade de reprovação introduz aos alunos a cultura do esforço e do mérito ¿ diz Claudia Costin, secretária municipal de Educação.

Segundo Claudia, ao assumir, foram encontrados 12 mil alunos do 4º e 5º anos que precisavam ser realfabetizados, e outros 17 mil do 6º ano que também eram analfabetos funcionais:

¿ Precisamos também criar reforço escolar para crianças do 3º ao 6º ano, e vimos que era preciso cercar as crianças para não substituir a aprovação por reprovação.

Em Porto Alegre, a progressão automática começou a vigorar em 1995. Hoje, 55 escolas da rede funcionam com três ciclos de três anos cada. Coordenadora do Ensino Fundamental da Secretaria municipal de Educação, Adriana Santos lembra que houve rejeição ao programa em 2000, quando o prefeito decretou que todas as escolas deviam aderir a ele:

¿ Com o tempo, pais e professores entenderam que isso não significava deixar de ter critérios de aprendizagem ou de avaliar as competências necessárias.

Adriana lembra que em 2004 o projeto passou por uma reavaliação:

¿ Vimos que era preciso criar a manutenção ao final de cada ciclo. Quem não consegue atingir as habilidades mínimas passa um período nessa turma e pode ser promovido a qualquer tempo ¿ conta Adriana, que tem 2% dos alunos da rede em turmas de manutenção.

Professores dedicados exclusivamente a uma turma

Em Várzea Paulista, São Paulo, a progressão continuada já parou até na Justiça. Ano passado, a pedido do Ministério Público, o programa teve que parar de ser aplicado nos ensinos fundamental e médio. No entanto, este ano a Secretaria municipal de Educação conseguiu voltar a aplicar a progressão continuada em dois ciclos: do 1º ao 3º ano e do 4º ao 5º.

¿ Temos o programa desde o ano 2000. A Justiça analisou dados do 8º ano, mas o município não tem essa série. Então, conseguimos manter o sistema de ciclos ¿ conta Luciano Braz, secretário municipal de Educação.

Segundo Braz, em Várzea Paulista, as turmas têm entre 20 e 25 alunos, os professores se dedicam exclusivamente a uma turma e os alunos têm aulas de reforço:

¿ Se o CNE conseguir que as escolas sigam um modelo como esse, elas terão bons resultados. Mas, se a medida não levar em conta essas necessidades, pode se transformar em um desserviço. (Carolina Benevides)