Título: Lealdade a toda prova
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 19/06/2009, Política, p. 4

Atual adido policial em Portugal, Paulo Lacerda é considerado um dos melhores diretores que já passaram pela Polícia Federal. Ele ocupou o cargo por quatro anos e saiu em setembro de 2007 para assumir a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por imposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Na nova corporação, porém, angariou inimizades por conta da abertura de ações disciplinares contra servidores, o que ajudou em sua queda.

Prestigiado na Abin pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Félix, que o defendeu durante o episódio que sucedeu a Operação Satiagraha, Lacerda foi rifado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que teria aconselhado Lula a afastá-lo da função. O desfecho se deu após reunião no Palácio do Planalto, onde o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demostenes Torres (DEM-GO) foram reclamar de supostos grampos, cuja suspeita de autoria recaiu sobre a Abin.

O cargo que atualmente exerce na embaixada do Brasil em Lisboa foi um prêmio de consolação dado a Paulo Lacerda pelo que fez durante a estada na Polícia Federal. Também serviu como uma forma de mantê-lo longe dos holofotes depois da confusão causada pela Operação Satiagraha. Considerado leal em instâncias superiores do governo, o delegado, que também chefiou a investigação do Esquema PC, em nenhum momento fez acusações ao Palácio do Planalto, mesmo durante o período em que esteve afastado da Abin. (EL)