Título: CVM vai investigar especulação com Telebrás
Autor: Gomes, Wagner
Fonte: O Globo, 25/05/2010, Economia, p. 23

Xerife do mercado de capitais já fez até advertência a diretoria da estatal. Alta superou 26.000% em oito anos

SÃO PAULO. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está investigando as operações envolvendo as ações da Telebrás nos últimos anos. A presidente da CVM, Maria Helena Santana, principal autoridade no mercado de capitais do país, confirmou ontem que há processos em andamento para investigar a existência de possíveis irregularidades que provocaram a alta de mais de 26.000% nas ações da empresa nos últimos oito anos. Temos alguns procedimentos em andamento que avaliam a trajetória do papel no mercado, como os participantes do processo se comportavam, quem atuou em determinado momento e se houve algum tipo de ligação entre a pessoa e a produção da informação que era divulgada disse ela, sem revelar a data de encerramento da investigação. Maria Helena ponderou, no entanto, que o fato de um papel reagir a uma informação publicada não tem nada de impróprio. O problema, observa, é quando há manipulação para elevar artificialmente o preço de uma ação. Ela explicou que um papel que tem um valor muito baixo, de centavos, como foi o caso da Telebrás, certamente terá alterações intensas. De acordo com ela, o ilícito seria o relacionamento dos participantes a uma postura de manipulação. A CVM fez advertência formal à Diretoria de Relações com Investidores da Telebrás para maior transparência nos comunicados ao mercado por meio de fatos relevantes. Não tem nada de ilícito apostar e lucrar em movimentos de curto prazo. O errado é relacionar os movimentos ao interesse específico de algum participante e a uma postura de manipulação, de mexer artificialmente com os preços de mercado afirmou. A autarquia também quer saber se houve repasse de informações privilegiadas de alguém envolvido no projeto de participação da estatal no Plano Nacional de Banda Larga a Telebrás quer prover infraestrutura e redes de suporte a serviços de telecomunicações prestados por companhias privadas. Falando a investidores, em evento do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), Maria Helena lembrou que gestores públicos em posições importantes nos ministérios não podem divulgar informações extraoficiais de negócios de companhias de capital aberto.