Título: A súbita ascensão verde na política colombiana
Autor: Costa, Mariana Timóteo da
Fonte: O Globo, 26/05/2010, O Mundo, p. 32

Refundação do partido com a participação de Mockus e de outros ex-prefeitos populares embala crescimento nacional

A ascensão de Antanas Mockus na campanha presidencial colombiana se mistura à história do seu Partido Verde.

Refundado há menos de um ano, o partido difere dos demais verdes com expressividade política em outros países como Brasil, França, Alemanha e México.

Não tem como prioridade política os projetos ambientais, além de suas propostas serem consideradas de centro-direita e não de centro ou esquerda. Outro fator inédito é que o Partido Verde da Colômbia é o primeiro na História com chances de eleger um presidente, já que Mockus está praticamente empatado nas intenções de voto com o candidato governista, Juan Manuel Santos, às vésperas do primeiro turno das eleições, marcado para domingo.

Realmente há um ineditismo nesta campanha colombiana, que nós aqui no Brasil estamos acompanhando com atenção.

Apesar das diferenças nas propostas, a eleição de um candidato do partido representaria uma grande vitória para nós disse o deputado federal Fernando Gabeira, do PV brasileiro.

Partido ainda não sabe quantos filiados tem Gabeira pretende convidar Mockus para se encontrar com os dirigentes brasileiros.

Mesmo que ele não ganhe, queremos ouvi-lo. Ele fez uma campanha muito moderna, que já é um sucesso completa Gabeira, lembrando que Mockus pôs em prática ideias interessantes de saneamento de contas públicas, estímulo à cidadania e implementou políticas de segurança em suas duas gestões como prefeito de Bogotá.

O Partido Verde colombiano, até 2009, chamava-se Partido Verde Opção Centro. Formado em 2005 por guerrilheiros desmobilizados, nos anos 90, do Movimento 19 de Abril (M19), era inexpressivo nacionalmente.

Possuía alguma força local com cerca de 300 cargos estaduais e municipais. No ano passado, seus dirigentes convidaram os independentes Mockus, Enrique Peñalosa e Luis Eduardo Garzón populares ex-prefeitos de Bogotá para uma conversa.

O objetivo era refundar o partido e apresentar uma lista de candidatos às eleições parlamentares de março conta Gilma Jimenez, uma das dirigentes do partido e que obteve a maior votação para o Senado naquelas eleições: 230 mil votos.

Até a criação do novo partido, em agosto de 2009, Gilma conta que não se sabia se Álvaro Uribe conseguiria a aprovação para concorrer ao terceiro mandato como presidente (o que foi rejeitado pela Corte Constitucional em fevereiro deste ano).

Se ele obtivesse a possibilidade de se reeleger, não lançaríamos candidato a presidente diz Gilma.

Nas eleições de 14 de março, portanto, além de eleger quatro senadores e três deputados, o PV realizou suas primárias para presidente: venceu Mockus.

Segundo o cientista político Álvaro Jimenez, da Universidade do Valle, esta nova maneira de fazer política explica o apelo da campanha de Mockus.

Gilma não sabe dizer quantos filiados tem o partido: Nossa primeira convenção será somente depois das eleições. Somos isso mesmo que todos dizem: outsiders e um bando de sonhadores.

Ontem, Mockus e Santos participaram, ao lado de outros quatro candidatos, do último debate antes das eleições.